Não há boas notícias para as famílias e empresas. A inflação deverá permanecer elevada por mais tempo do que previsto em janeiro, antecipa o Fundo Monetário Internacional (FMI). E isto vai acontecer devido à guerra na Ucrânia, à subida dos preços das matérias-primas e à pressão sobre os preços. Em 2022, a inflação deverá fixar-se nos 5,3% na Zona Euro e nos 4% em Portugal.
No caso de Portugal, o FMI prevê que a inflação se situe nos 4% este ano, uma revisão em alta face aos 1,3% previstos em outubro. Ainda assim, a inflação em Portugal está abaixo dos 5,3% esperados para a Zona Euro. Contas feitas, salta à vista que a projeção da instituição com sede em Washington está alinhada com a do Governo (inscrita na proposta do OE2022) e com a do Banco de Portugal, ficando muito próxima da previsão do Conselho das Finanças Públicas (3,9%).
E como serão as previsões da inflação para 2023? O FMI está mais otimista e antecipa uma descida da inflação nas principais economias da Zona Euro:
Olhando para as previsões a nível global, o FMI projeta uma inflação de 5,7% nas economias avançadas e de 8,7% nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento para 2022. Embora espere uma resolução gradual dos desequilíbrios entre a oferta e a procura e uma recuperação modesta na oferta de trabalho, o FMI ressalva que estas previsões estão envoltas em incerteza.
“Se surgirem sinais de que a inflação será alta no médio prazo, os bancos centrais serão forçados a reagir mais rápido do que o previsto atualmente – subindo as taxas de juros e expondo as vulnerabilidades da dívida, particularmente nos mercados emergentes”, lê-se no relatório sobre as Previsões Económicas Mundiais esta terça-feira publicado.
Quais são as previsões para o crescimento económico?
A par da subida da inflação, o FMI está mais pessimista sobre o crescimento económico da Zona Euro, prevendo agora uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,8% este ano e de 2,3% em 2023. Isto quer dizer que houve uma revisão em baixa de 1,1 pontos percentuais (p.p.) para este ano e em 0,2 p.p. para 2023, face ao previsto em janeiro.
E Portugal não é exceção à regra. Segundo a instituição financeira, o crescimento da economia portuguesa deverá abrandar para 4% este ano e 2,1% em 2023. As novas projeções revelam também houve um corte face às previsões divulgadas em outubro em 1,1 p.p em relação ao PIB de 2022 e de 0,4 p.p. para o PIB de 2023.
O FMI torna-se, assim, a instituição mais pessimista entre as principais instituições nacionais e internacionais sobre a expansão do PIB português este ano. Já que o Governo português prevê um crescimento de 4,9%, tal como o Banco de Portugal, enquanto o Conselho das Finanças Públicas estima uma expansão de 4,8%. A Comissão Europeia, por sua vez, vê o PIB português a avançar 5,5% e a OCDE 5,8%.
A verdade é que para as principais economias da Zona Euro - à exceção da Alemanha - o FMI prevê que haja uma desaceleração do crescimento do PIB entre 2022 e 2023:
Crescimento da economia mundial deverá abrandar em 2022
No que diz respeito ao cenário global, a instituição liderada por Kristalina Georgieva reviu em baixa as previsões para o crescimento económico mundial este ano em 0,8 pontos percentuais (pp), para 3,6%, devido sobretudo ao impacto da guerra na Ucrânia.
“A guerra na Ucrânia desencadeou uma crise humanitária dispendiosa que, sem uma solução rápida e pacífica, pode tornar-se esmagadora. O crescimento global deverá desacelerar significativamente em 2022, em grande parte como uma consequência da guerra”, assinala a instituição de Bretton Woods.
Além da guerra na Ucrânia, o FMI identifica ainda o aperto da política monetária e a volatilidade do mercado financeiro, bem como a retirada do apoio orçamental, o desacelerar da China e o acesso às vacinas contra a Covid-19 como condicionantes das previsões no curto prazo.
Entre as principais economias mundiais, os EUA deverão crescer 3,7% este ano, assim como o Reino Unido, e a China 4,4%, enquanto para a Zona Euro prevê uma expansão de 2,8% e para a Índia de 8,2%. É esperada uma forte queda de dois dígitos no PIB da Ucrânia (-35%), sendo também projetada uma profunda contração para a Rússia devido às sanções económicas (-8,5%).
*Com Lusa
Idealista