O Instituto Português do Sangue repudiou ontem críticas da federação de dadores a uma campanha com estadias para jovens, realçando os esforços para colmatar carências de sangue através do reforço de horários e iniciativas em regiões como Lisboa e Algarve.
O presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (Fepodabes), Alberto Mota, criticou ontem o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) por lançar uma campanha para promoção da dádiva de sangue nas redes sociais do “Cartão Jovem”, em que oferece uma estada nas Pousadas da Juventude aos jovens, entre 18 e 30 anos, dadores de sangue.
 
Contactado pela agência Lusa, o IPST diz lamentar e repudiar as afirmações da federação, “numa altura em que a nível nacional todos os serviços trabalham no sentido de mitigar a sazonalidade na dádiva de sangue, em particular as regiões do país com maior carência de componentes sanguíneos, nomeadamente a Grande Lisboa e Algarve”.
 
Salienta que, no caso da capital portuguesa, o Centro de Sangue e Transplantação de Lisboa (Avenida do Brasil), a ULS Santa Maria e ULS São José prolongaram os horários de atendimento a dadores até às 21:00.
 
“Estamos certos de que esta opinião não representa o sentimento das organizações de dadores de sangue que continuam a colaborar com o IPST, no sentido de mobilizar dadores e procurar garantir que as sessões de colheita por si organizadas atingem os objetivos a que se propuseram”, refere o instituto numa resposta escrita.
 
Segundo o instituto, a proposta de colaboração na promoção da dádiva da Movijovem ao IPST, designada por “Dá o Braço por uma causa importante”, a decorrer entre 11 e 16 de agosto, no âmbito da comemoração do Dia Mundial da Juventude, “é apenas mais uma iniciativa de promoção e contribui para o reforço promoção da dádiva de sangue de um grupo etário que é essencial para o rejuvenescimento do painel de dadores em Portugal”.
 
“Não compreendemos quem repetidamente afirma que é preciso compensar os dadores pelas suas dádivas, nomeadamente com o dia livre no dia da dádiva e opõe-se a uma iniciativa que visa reforçar a sustentabilidade da dádiva de sangue num país com acelerado envelhecimento da sua população”, realça.
 
Com esta campanha, acrescenta, os jovens entre os 18 e os 30 anos, podem usufruir de uma estada (oferecida pelo parceiro), se assim entenderem, numa pousada da juventude.
 
“Tal como em outras situações que visam conquistar novos dadores para nobre causa da dádiva de sangue, o valor em causa e o formato de acesso a esta oferta não colocam em causa a dádiva altruísta e não remunerada”, sublinha.
 
Alberto Mota acusou o IPST de ter “dois pesos e duas medidas” ao privilegiar os mais jovens com incentivos materiais enquanto os dadores regulares continuam sem reconhecimento efetivo, uma crítica refutada pelo instituto.
 
“O IPST não tem dois pesos e duas medidas, sendo criterioso nos critérios da não remuneração da dádiva de sangue, cumprindo aquilo que são as diretivas europeias nesta matéria, assegurando a segurança dos componentes sanguíneos”, defende.
 
Segundo o instituto do sangue, estas iniciativas, tal como tem sido divulgado na publicação semanal das reservas de sangue por regiões, permitiu até à data, um reforço da estabilidade das reservas de sangue.
 
Acrescenta que, em termos de reforço de promoção da dádiva de sangue, lançou um spot televisivo da atual campanha do IPST “Parte de Si” e a Campanha de Verão de IPST 2025 que irá realizar até 15 de setembro sessões de colheita “em zonas onde habitualmente se concentram muitas pessoas de férias”.
 
IPST agradece a generosidade de todos os que ajudaram a estabilizar as reservas de sangue, permitindo que os doentes nos hospitais possam receber os tratamentos que precisam.
 
Segundo o instituto, todos os dias há cerca de 1.100 doentes nos hospitais portugueses que necessitam de sangue.
 
 
Por: Lusa