Vânia Baptista, investigadora do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR) e professora auxiliar convidada da Universidade do Algarve, foi distinguida com o Prémio Mário Ruivo 2025, atribuído pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (UNESCO-IOC), em parceria com a Fundação EurOcean e o Governo Português
A cerimónia de entrega decorreu a 30 de junho em Paris, durante a Assembleia da UNESCO-IOC.
 
A distinção reconhece o projeto LittleFish-STP, que estuda o peixinho (Sicydium bustamantei), uma espécie endémica e pouco conhecida de São Tomé e Príncipe, essencial para a subsistência de comunidades ribeirinhas e costeiras. Para além de gerar conhecimento científico sobre o ciclo de vida, ecologia, estado de conservação e o valor socioeconómico da espécie, o projeto envolveu diretamente pescadores, estudantes e instituições locais, promovendo um modelo de ciência participativa adaptado aos desafios locais da conservação marinha.
 
O prémio enquadra-se na Mário Ruivo Memorial Lecture Series, criado para distinguir profissionais em início de carreira na área do oceano, que desenvolvam projetos alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, nomeadamente o ODS 14 – Vida Marinha. A escolha de Vânia Baptista, entre outras propostas de várias partes do mundo, reforça o contributo da nova geração de investigadores portugueses na ciência internacional dos oceanos.
 
“Este prémio não é só para mim, mas para toda a equipa do LittleFish-STP. Este projeto fez-me crescer como cientista, como líder e como pessoa. Mostrámos como é possível ligar as pessoas ao oceano de formas inclusivas e sustentáveis, promovendo o valor das pescas de pequena escala, a literacia do oceano e a conservação da biodiversidade, com foco numa espécie de pequenas dimensões e negligenciada, como o peixinho”, afirmou Vânia Baptista no seu discurso.
 
Em 2017, a equipa testemunhou a comercialização de dezenas de peixes de pequenas dimensões, vendidos como adultos no mercado local de São Tomé.
 
Posteriormente, a equipa de investigação, liderada por Vânia Baptista, confirmou que se tratava de juvenis de uma espécie endémica e até então desconhecida.
 
Em 2022, o projeto LittleFish-STP iniciou atividade com uma abordagem participativa e em colaboração com parceiros locais. Desde então, para além do estudo da espécie, o projeto envolveu a comunidade local na grande maioria das suas ações. Além de reforçar a colaboração científica entre Portugal e São Tomé e Príncipe, através da partilha de conhecimentos, o projeto envolveu também a comunidade em ações de monitorização de peixes e atividades escolares, bem como em cursos e workshops. Esta integração de diferentes gerações reforçou um sentimento coletivo de pertença e responsabilidade em relação ao mar.
 
“O projeto LittleFish-STP mostra que precisamos de nos reconectar com o oceano, ouvindo aqueles que dependem dele, respeitando a sua complexidade ecológica e investigando soluções baseadas em dados científicos e que sejam socialmente justas”, afirma Vânia Baptista. 
 
O legado do projeto LittleFish-STP prosseguirá agora com um novo capítulo: o projeto Finding Home, que vai continuar a linha de investigação já iniciada.  
 
 
Por: CCMAR