As duas portuguesas que procuram um inédito apuramento olímpico em natação artística vão voltar a treinar na piscina de Lagos, na segunda-feira, depois da interrupção devido à pandemia de covid-19, disse hoje à Lusa a treinadora.

“Vamos voltar aos treinos normais e temos mais tempo para preparar o apuramento”, revelou a treinadora Sylvia Hernandez Mendizabal, aludindo ao adiamento dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 para 2021.

Cheila Vieira e Maria Beatriz Gonçalves interromperam o estágio permanente que cumpriam em Lagos desde janeiro de 2019 em 13 de março, “quando a pandemia as obrigou a regressar a casa das famílias em Lisboa”, adiantou Sylvia Hernandez.

A pandemia suspendeu os treinos e a participação numa competição internacional em Madrid no final de fevereiro, mas os treinos continuaram “em seco, entre quatro a cinco horas por dia, cada uma em sua casa”, sublinhou.

A treinadora espanhola, radicada em Sagres, continuou a acompanhar o dueto à distância, nos treinos de força, flexibilidades e técnica, “dentro do possível”, adaptando os trabalhos, “até de cabeça para baixo, fazendo o pino”, para simular os movimentos dentro de água.

“Só não foi possível treinar as coreografias porque não era possível sincronizar a música nas videochamadas em três sítios diferentes”, gracejou.

Sylvia Hernandez admitiu que a distância permitiu “melhorar muitos aspetos”, uma vez que as sessões foram filmadas, permitindo reparos impercetíveis “em treinos normais”.

O desconfinamento e a abertura das piscinas do Centro de Alto Rendimento do Jamor, em Oeiras, permitiu o regresso à água de Cheila Vieira e Maria Beatriz Gonçalves, mantendo a orientação à distância.

“Os treinos eram feitos via Skype para que pudesse ver os movimentos das meninas, que por sua vez ouviam as instruções através de auscultadores à prova de água”, descreveu a treinadora.

O reencontro com as nadadoras ocorreu na quinta-feira, com a retoma dos treinos físicos e de ballet, e o regresso à piscina lacobricense está previsto para segunda-feira, tendo como objetivo o apuramento olímpico, agendado para 01 de março de 2021, em Tóquio.

“A paragem acabou por se revelar benéfica, já que permite melhorar ainda mais os objetivos”, realçou Sylvia Hernandez Mendizabal, assumindo-se mais “confiante” com a presença em Tóquio2020.

As lisboetas Cheila Vieira e Maria Beatriz Gonçalves iniciaram-se há 15 anos na então conhecida como natação sincronizada (em 2017 passou a ser designada por artística) e já disputaram dois Europeus e outros tantos Mundiais, o último dos quais em julho de 2019, quando conseguiram a melhor pontuação de sempre para Portugal (76,2328 pontos), em Gwangju, na Coreia do Sul.

Até ao apuramento, o dueto do GES Loures, que cumpre o estágio permanente com o apoio da federação de natação, conta participar nas provas das séries mundiais previstas para a Europa, ainda sem datas ou locais marcados.

 

Lusa