Durante a sessão solene de abertura do ano letivo na Escola Secundária Alves Martins, em Viseu, o primeiro-ministro disse que Portugal precisa “efetivamente de mais professores, porque há muitos alunos que estão a ter menos oportunidades porque não têm professor pelo menos a uma disciplina, alguns a mais do que uma disciplina”.
“Infelizmente, tem sido um ensinamento aquilo que vem dos últimos anos, mas nós não podemos ficar a contemplar a situação”, frisou.
Luís Montenegro elogiou o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, pelo “esforço grande” que tem feito “para tentar, nesta primeira fase, encontrar respostas de emergência”.
O governante referiu-se ao diploma aprovado em Conselho de Ministros para permitir “um processo de recrutamento excecional e temporário para poder dar resposta às dificuldades que hoje muitas escolas e sobretudo muitos alunos sentem, por incrível que pareça, em centros urbanos como Lisboa, de terem acesso a igualdade de oportunidades” por lhes faltarem professores a algumas disciplinas.
Cerca de 1,3 milhões de estudantes do 1.º ao 12.º anos começam, entre hoje e a próxima segunda-feira, as aulas de mais um ano letivo em que “milhares de alunos” voltam a não ter todos os professores.
Tal como tem acontecido nos últimos anos, o regresso às aulas volta a ser marcado pela falta de professores em muitas escolas, em especial na área metropolitana de Lisboa, mas também em estabelecimentos de ensino do Alentejo e do Algarve.
No início da semana, os resultados da segunda reserva de recrutamento deixaram 1.091 horários por preencher, a que se somam os horários diariamente disponibilizados através da contratação de escola, o último recurso disponível para o recrutamento de professores.
Luís Montenegro disse que o Governo quis, neste arranque de ano letivo, “assinalar o restabelecimento da estabilidade, o aprofundamento do sentido de colaboração de pessoas e entidades que muitas vezes colidem nos seus objetivos”.
“Que esta cultura cívica, educativa, possa espalhar-se para todos os desafios que o país enfrenta. Que possamos evitar mais instabilidade àquela que já existe, nomeadamente na nossa Europa, no nosso mundo”, apelou o primeiro-ministro, aludindo também à possibilidade de haver “terceiras eleições legislativas no espaço de pouco mais de dois anos, quase três”.
Segundo Montenegro, “estabilidade e sentido de Estado é o que as pessoas reclamam” dentro da escola e também “aquilo que os portugueses reclamam para o país”.
Na sua opinião, a Escola Secundária Alves Martins é um exemplo de que há instituições que funcionam e que “é possível superar os obstáculos e as dificuldades”.
“Nós não estamos a olhar para trás, do passado apenas podemos retirar ensinamentos, mais nada. Nós estamos a olhar para frente, para o futuro. E o que queremos no futuro? Queremos uma escola tranquila, estável”, sublinhou.
Foi por isso que o Governo investiu “grande parte do trabalho inicial na recuperação da confiança do corpo docente”, justificou o primeiro-ministro, acrescentando que esse trabalho “não está esgotado”, havendo ainda que tratar assuntos como a questão da recuperação do tempo de serviço e das carreiras.
Lusa