O Município de São Brás de Alportel manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de Francisco Augusto Silva Guerreiro, aos 87 anos de idade, reconhecido como o guardião da Azenha da Mesquita e um dos maiores defensores, com valoroso contributo em prol da preservação do património molinológico do concelho e da região algarvia.
Natural da aldeia das Sarnadas, em Alte, onde nasceu em 1937, Francisco Guerreiro começou muito jovem a exercer a arte de moer cereais, ofício que abraçou com apenas 15 anos, seguindo o exemplo e ensinamentos do seu pai. Aos 17 anos fixou-se em São Brás de Alportel, deixando uma marca indelével nos principais moinhos da região, graças à sua dedicação, saber e mestria.
 
Cumpriu o serviço militar em território ultramarino, tendo vivido dois anos na então Índia Portuguesa, regressando depois ao Algarve para continuar a sua vida profissional na Azenha do Alportel, numa moagem junto à Igreja de São Sebastião, e mais tarde na emblemática Azenha da Mesquita — adquirida pelo seu pai em 1958 — onde trabalhou lado a lado com o irmão José.
 
Apesar de se ter fixado posteriormente em Faro, Francisco Guerreiro nunca se desligou da Azenha da Mesquita, regressando sempre que possível, mantendo viva uma tradição quase esquecida e partilhando generosamente o seu conhecimento com gerações de visitantes.
 
Graças à colaboração de Francisco Guerreiro, o Município estabeleceu um acordo que tornou possível a realização de obras de requalificação na Azenha, que se tornou um espaço de memória viva, aberto à comunidade para visitas temáticas. Um verdadeiro testemunho da arqueologia industrial local, que perdurará como símbolo da dedicação de um homem ao seu legado cultural. Durante largos anos, Francisco acolheu os visitantes, partilhando o seu vasto conhecimento com todos, com especial entusiasmo junto dos jovens alunos das escolas do concelho e da região.
 
Em março deste ano, a Câmara Municipal reconheceu este percurso notável com a atribuição de um Voto de Louvor.
 
Perante a triste notícia do seu falecimento, o Município presta-lhe sentida homenagem póstuma, sublinhando a profunda gratidão de São Brás de Alportel por tudo quanto Francisco Guerreiro fez em prol da preservação da memória coletiva e do património etnográfico local.
 
O Município endereça à família enlutada, aos amigos e a toda a comunidade, os mais sinceros e fraternos pêsames.
 
 
Por: CM S Brás Alportel