O outro título que integrar o catálogo da editora, desde o dia 15, é um dos livros mais importantes de António Rosa Mendes Olhão Fez-se a Si Próprio, uma reedição que se impõe tanto pela invocação de um nome maior da cultura algarvia e pela pertinência excecionalidade da obra.
Títulos Anteriores
Farol um golfinho em apuros com texto de Sofia Quaresma e ilustração de Bruno Pinto foi o primeiro livro da vertente infantil que a editora pretende desenvolver numa perspetiva ecológica e de respeito pelos valores da natureza em torno de elementos da identidade regional.
Evolução Urbana de Olhão, da investigadora Sandra Romba, veio questionar o velho lugar comum da “Vila Cubista” e inaugurou um conjunto de estudos que farão o exame da evolução urbana de várias cidades algarvias.
Francisco Fernandes Lopes: Historiador do Algarve
O livro de Andreia Fidalgo que Sul, Sol e Sal propõem ao público é um contributo significativo nos estudos ainda incipientes sobre Francisco Fernandes Lopes, uma das figuras mais interessantes do quadro cultura português da primeira metade do século XX. Intelectual multifacetado e interessado nas mais diversas áreas do saber nasceu em Olhão em 1884, cidade onde viria a falecer corria o ano de 1964 desenvolvendo uma atividade intelectual que extravasou largamente o âmbito local e regional.
Com este estudo Andreia Fidalgo procura entender a vida e a obra de Francisco Fernandes Lopes através de uma análise concertada do seu percurso de vida, dos seus principais interesses e da sua atividade cultural e intelectual. Neste âmbito, é essencial ter em consideração que a vida de Fernandes Lopes se desenrolou mormente em Olhão, vila algarvia singular devido ao seu panorama arquitetónico único de açoteias, e que ele tanto se empenhou em divulgar.
No que respeita à faceta de historiador a autora analisa com particular interesse a produção historiográfica dedicada ao Infante D. Henrique e à sua relação com o Algarve. É de sublinhar que a temática henriquina foi a que mais ocupou Francisco Fernandes Lopes entre as décadas de 30 a 60 do século XX.
Olhão Fez-se a Si Próprio
Por motivos já de si, já da sua circunstância, António Rosa Mendes alcançou em Olhão fez-se a si próprio, o sentido do todo que poucas obras podem reivindicar.
Na obra que a Sul, Sol e Sal toma a responsabilidade de reeditar, o eminente historiador, teve a capacidade ímpar de perceber a essência de um lugar nas suas múltiplas dimensões. De interpretar como ninguém as características que individualizam o território e estabelecem os traços identitários das suas gentes.
Apoiado em fontes históricas e num conhecimento das vivências quotidianas da cidade, que não será despiciente arredar do juízo sobre a ação e o pensar coletivo da comunidade, o autor ousou neste estudo, como em nenhum outro até ao momento, enfatizar o papel do povo como agente e motor do seu próprio destino. Posição que afrontou o discurso até então estabelecido e se consubstanciou numa narrativa que se demarca na interpretação dos factos e das causas que determinaram a génese e a emancipação de Olhão relativamente a Faro. Cidade de onde saíram os primeiros pescadores que, pelos inícios de 1600, e se «transladaram para leste, assentando junto ao poço».
Com este título António Rosa Mendes atingiu a alma de Olhão, definiu-lhe um caráter e estabeleceu-lhe uma fisionomia. Congregou nele todas as faculdades do intelectual rigoroso e habilitado com as ferramentas próprias do seu ofício e uma mundividência muito sua de académico nos antípodas do investigador enclausurado em arquivos e bibliotecas.
Razões em tudo suficientes para que a Sul, Sol e Sal voltar a fazer justiça a um livro que marca decisivamente a historiografia olhanense e a própria obra de António Rosa Mendes.
Com estes dois títulos a Sul, Sol e Sal pretende afirmar-se no quadro do conhecimento da história e da cultura algarvia tendo na memória um eixo fundamental para a reflexão e para a construção dos desígnios futuros da região.
Por: Sul Sol e Sal