Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com

“Devolvei a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mc 12, 17). Porque é urgente fazer reflorescer essa ciência da Cidade e a arte do seu governo, sem luta entre direitas e esquerdas, conservadores e progressistas; das posições mutáveis, estéreis e sinuosas onde a Pessoa humana, não raras vezes, já não é o seu centro; dos novos fariseus exclusivamente ocupados pela observância escrupulosa da Lei. Libertai-nos dos fundamentalistas e pragmatistas. Porque é urgente recuperar o interesse naquilo que é civil, público e social muito mais do que partidário e segregativo.

Devolvam-nos a política cujo poder se distinga da esfera do absoluto e da exclusão, ou de outra trasvestida de religiosa, que corrompe a saudável laicidade, mas já não um mapa cujo caminho e rumo seja o Bem comum e o Homem todo. Ofereçam-nos um sistema de orientação, de pontos cardeais, que dê espaço e voz aos mendigos, que somos todos nós, da esperança, da justiça e da verdade. A política que seja charneira, a dobradiça e não a amarra para a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Essa avenida principal que encaminhe rumo à universalidade e ao Humanismo, o nosso prumo pela responsabilidade ética com o próximo, que efetive verdadeira revolução numa diferente e nova visão sobre o tempo e o mundo. “Como casa limpa/ Como chão varrido/ Como porta aberta/ Como puro início/ Como tempo novo/ Sem mancha nem vício/ como a voz do mar/ interior de um povo/ Como página em branco/ onde o poema emerge/ Como arquitetura/ Do homem que ergue/ Sua habitação” (Sophia M. Andresen). Possa eliminar tanto tique fascista que obnubila o futuro e o nosso avançar.

É preciso gritar que a Pessoa humana é o fundamento e o fim da verdadeira e essencial política, que aspiramos, e que importa o seu crescimento e plenitude sob o impulso da verdade e do bem. Devolvam-nos essa política que reconheça e respeite a dignidade humana na defesa dos seus direitos inalienáveis, que os tutele e promova e que defenda valores e deveres e uma lei moral que guie e oriente. Uma política que edifique esse edifício de uma verdadeira amizade social como defesa e garantia do Bem comum e de um próspero desenvolvimento e progresso. Devolvam-nos essa política que não seja somente a arte de administrar a casa, o poder, os recursos ou as crises, mas seja, na verdade, uma vocação de serviço, de vigilância e de testemunhas de uma nova e eficiente solidariedade e caridade, fundamento de uma moral sólida que seja compromisso pela construção de um mundo mais justo, humano e fraterno. Uma política que favoreça a liberdade como pressuposto de uma racional autodeterminação da vontade contra a tirania da irracionalidade, dos totalitarismos ou das anarquias. Uma política com o sal e a luz do Evangelho, contra a ditadura da aparência, do relativismo e da mediocridade, porque o homem é divino. Uma política cheia de humildade e de nobreza!