O PAN esteve com a investigadora Carmen de los Santos e João Silva, do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), da Universidade do Algarve, no âmbito da campanha eleitoral às eleições autárquicas, para aprofundar questões relacionadas com os impactos da possível construção de um porto de recreio, em frente à atual marina de Faro.

De acordo com os dados dos investigadores do CCMAR, partilhados recentemente no jornal Público, “a poluição causada pelas dragagens e destruição da pradaria de ervas marinhas equivale a lançar na atmosfera 613 toneladas de gás de efeito estufa, o que corresponde a arderem 200 hectares de floresta”.

Elza Cunha, a candidata do PAN à Câmara de Faro, referiu que o porto de recreio neste local, a concretizar-se, terá impactos nefastos irreversíveis. “Como é que podemos dizer que somos ambientalistas, que defendemos o meio-ambiente e a Ria Formosa, se ao mesmo tempo, estamos de acordo com esta megalomania destrutiva?”. 

Os impactos da construção deste porto vão além da libertação de CO2 na atmosfera. Aquela zona deixará também de ter a capacidade de sequestrar grandes quantidades de carbono no futuro e toda a dinâmica natural das marés e correntes irá ser profundamente afetada, bem como a relação das pessoas com o local, criando mais uma barreira entre as pessoas e a Ria.

A candidata defende que “se queremos vencer o desafio das alterações climáticas, devemos deixar de olhar para nós e para a natureza como partes antagónicas, somos na verdade duas faces da mesma moeda”, e acrescenta que, “nós também somos a natureza, quando a ferimos estamos a colocar em causa a nossa própria sobrevivência e, no caso particular da Ria Formosa, todas as atividades e a sustentabilidade económica das famílias e empresas que dela dependem”.

O PAN defende ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que prevê fundos europeus para reformas estratégicas alinhadas com os desafios dos dias de hoje, em particular com a sustentabilidade ambiental, é uma oportunidade única para fazer investimentos estruturantes no Parque Natural, tais como: a criação de um Plano de Gestão da Ria Formosa, do Observatório da Ria e um Estudo sobre a sua capacidade de carga.


Elza Cunha entende que as decisões políticas e administrativas têm sido tomadas sem conhecimento concreto sobre os impactos das inúmeras atividades. “Não se sabe quantos barcos estão ou passam pela Ria Formosa ao longo dos dias e dos meses, ou num quadro maior, qual o seu impacto objetivo no ecossistema ao nível da poluição, da biodiversidade, do ruído, da ondulação provocada sobre os sapais ou os impactos das instalações de aquacultura existentes”. Existe um número crescente de embarcações relacionadas com as explorações marítimo-turísticas, uma atividade que precisa ser melhor regulada e que deve transitar de forma urgente para formas de mobilidade sustentável, como a eletro-solar, ou elétrica. Embarcações que, além de ecológicas, em termos de investimento fazem muito mais sentido, já que não precisam ser abastecidas diariamente, havendo um retorno total do investimento ao fim de pouco tempo.

Para o PAN, ainda há muito por fazer, “se queremos fazer mais e melhor, temos de valorizar e incentivar o conhecimento e a produção científica e a partir daí definir as melhores políticas para cuidar da nossa Ria Formosa, garantindo a sua sustentabilidade e regeneração. É para o bem de todas e todos nós e para facilitar esse processo que aqui estou”, concluiu a candidata Elza Cunha.