André Magrinho, Professor universitário, doutorado em gestão | andre.magrinho54@gmail.com

Antes de mais felicitar a Diretora da Voz de Loulé, colaboradores e leitores, por ocasião do 71º aniversário deste jornal, a quem desejo longa vida para continuar a informar e servir de plataforma de ligação entre louletanos dispersos nas mais diversas geografias.

Nesta edição festiva, vale a pena relevar a 28ª edição da Conferência das Partes –mais conhecida como COP– sobre mudanças climáticas, promovida pela ONU- Organização das Nações Unidas, que terá lugar entre 30 de novembro e 12 de dezembro de 2023, nos Emirados Árabes Unidos, tendo como lema “Unir, Atuar, Entregar resultados”.

A COP28 vai polarizar a agenda climática mundial desta década, apresentando o primeiro balanço global dos progressos mundiais em relação às metas do Acordo de Paris de 2015 na COP 21 que se realizou em França. De referir que, primeira vez numa COP, será realizada uma reunião ministerial sobre o nexo clima-saúde.

A COP28 tem uma agenda consubstanciada em quatro eixos integrados: (i) Acelerar a transição energética e reduzir as emissões de CO2 até 2030, tendo como propósito triplicar a capacidade renovável até 2030, onde se inclui, também, o objetivo de duplicar a taxa de eficiência energética, assim como aumentar a eletrificação e reduzir as emissões de metano para 2030, a par da redução da utilização de combustíveis fósseis; (ii) O financiamento climático, um assunto crítico para cumprir as promessas feitas e estabelecer as bases para um novo acordo global, tanto mais relevante, porque está em cima da mesa o debate sobre a reforma do sistema financeiro multilateral para melhor às necessidades dos países em desenvolvimento.

Está em causa a garantia do cumprimento da meta de duplicar o financiamento para as políticas de adaptação até 2025, assim como o de prosseguir na preparação das bases para a Nova Meta Quantificada Coletiva de Financiamento Climático que deve ser aprovada em 2024; (iii) Colocar a natureza, as pessoas, as vidas e os meios de subsistência no centro da ação climática.

É previsível que a COP28 avance com o Fundo de Perdas e Danos, adotado no Egito em 2023, que aliás foi um dos principais resultados da COP27, assim como avançar na adoção de um marco forte para a Meta Global de Adaptação; e (iv) Mobilizar todas as partes interessadas para organizar a COP mais inclusiva de sempre. Daí as expectativas muito elevadas quanto à participação de jovens, bem como de delegações paritárias com representações de comunidades indígenas. 

A COP28 tem muito com que se preocupar face à constatação que a situação global do planeta em matéria de ecossistemas não para de se degradar e que as metas climáticas anteriormente definidas estão longe de ser alcançadas.

A quase totalidade dos cenários de emissão de gases com efeito de estufa do GIEC-Grupo intergovernamental sobre a evolução do clima, apontam para que o limite de aquecimento mundial de +1,5 graus centígrados, será ultrapassado até 2040, e a continuação do aquecimento global vai agravar os impactos sobre determinadas regiões, como o Médio Oriente, onde o stress hídrico poderá tornar algumas zonas atualmente habitadas, quase incompatíveis com a sobrevivência humana daqui até 2050. O mesmo noutras zonas do perímetro mediterrânico que acumulam fatores agravantes como a sobreurbanização, a pressão demográfica, a poluição, a falta de água ou ainda o agravamento dos riscos em matéria de segurança alimentar.

Os Oceanos, os grandes sumidouros naturais do CO2, têm dificuldades acrescidas em acomodar a poluição crescente, nomeadamente os microplásticos. A desflorestação e a sobreexploração de recursos naturais, são também motivos de grande preocupação, a par de muitos outros. A gravidade dos problemas impõe decisões ousadas, sob pena de se chegar a um ponto de não retorno.