Aumento das prestações do crédito habitação é «mais acentuado» entre os mais jovens, revela o Banco de Portugal.

Em dezembro de 2022, nove em cada dez famílias portugueses tinham os respetivos créditos habitação indexados à taxa Euribor variável, que está a escalar mês após mês à medida que o Banco Central Europeu (BCE) sobe a taxa de juro diretora (está em 3,75%). Os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP) indicam que, no ano passado, “metade das famílias com crédito habitação teve um aumento de pelo menos 17% do valor da prestação”, um cenário que estará a aumentar este ano. A taxa de esforço, por seu turno, deverá ultrapassar a fasquia dos 40% até final do ano para muitos mutuários, sobretudo os que tem rendimentos mais baixos.

“O aumento das taxas dos novos empréstimos às empresas e às famílias para habitação foi mais pronunciado do que em anteriores ciclos de subida das taxas, acompanhando o elevado ritmo de subida das taxas diretoras em 2022. Em dezembro, as taxas médias dos novos empréstimos às empresas e às famílias para habitação situavam-se, respetivamente, em 4,4% e 3,2% em Portugal, 2,4 pontos percentuais (p.p.) acima dos valores de dezembro de 2021 e em máximos desde janeiro de 2015 e junho de 2014, respetivamente”, lê-se no relatório do Conselho de Administração do BdP, divulgado esta quarta-feira (17 de maio de 2023).

Segundo o documento, “em 2022, o serviço da dívida aumentou para a maioria das famílias e das empresas”. No ano passado, acrescenta o regulador, “o montante total de juros pagos pelos particulares aumentou 24,6% (43,4% no crédito habitação)”, tendo o aumento dos juros pagos ocorrido sobretudo no segundo semestre. “No final do ano, a maioria dos contratos ainda não tinha tido uma atualização que refletisse integralmente a forte subida das taxas de juro diretoras em 2022”, aponta o BdP. 

No que diz respeito ao aumento da mensalidade a pagar ao banco pelo empréstimo da casa na sequência da escalada das taxas Euribor, a entidade liderada por Mário Centeno revela que, “em 2022, metade das famílias com crédito habitação teve um aumento de pelo menos 17% do valor da prestação”. 

“O aumento das prestações foi mais acentuado para os devedores mais jovens, o que reflete o facto de, nos contratos de crédito mais recentes, o pagamento de juros ter um peso maior na prestação. Nas classes etárias 18-34 anos, 35-54 anos e 55-80 anos, metade dos devedores teve um aumento das prestações de pelo menos 19%, 16% e 6%, respetivamente”, lê-se no relatório.

 

Taxa de esforço dispara nos rendimentos mais baixos 

Entretanto, e segundo escreve o Jornal de Negócios apoiando-se em estimativas do próprio BdP, entre os 20% de mutuários de crédito habitação com rendimentos mais baixos, dois terços vão ver a sua taxa de esforço ultrapassar a fasquia de 40% até ao final do ano. 

A subida dos juros poderá levar a que a proporção do stock de crédito “com LSTI [sigla para a expressão inglesa ‘loan service-to-income’] superior a 40%” aumente 11 p.p., para 18,6% em dezembro de 2023 – a proporção era de 7,7% em junho de 2022, escreve a publicação.

 

Por: Idealista