Por Luís José Pinguinha | Vice-presidente do Louletano | FUTEBOL | Acompanhando as jovens promessas do Louletano | pinguinhaluisjose@gmail.com

Diz o sábio povo que «recordar é viver». É o que fazemos aqui neste espaço. Recordamos quem, natural ou residente no Concelho de Loulé, já em inatividade, se destacou enquanto futebolista nas equipas de formação do Louletano DC.

RUI CARMINHO: UM TALENTO MAIOR

Nome: Rui Manuel Brito Carminho

Ano nascimento: 1961 (22 outubro)

Na história do futebol louletano há um lugar sagrado dedicado a Rui Carminho. A sua carreira desportiva iniciou-se no futebol de rua, organizado pelos próprios meninos que formavam equipas por zonas geográficas e que transformavam terrenos então ainda virgens da então Vila de Loulé em Estádios de Sonhos, dos quais o dos Pinguins, ao lado do Café Delfim, era o expoente máximo. Um luxo! Esta era aliás a equipa do Rui Carminho (e a minha), a do Delfim Batista, a do Hélio Viegas, a do Vítor Sousa e de muitos outros companheiros desta “route” no futebol puro. Memoráveis as deslocações aos outros Estádios. Ao da equipa da Campina (do David Alcaria, do João Velhinho, do Jorge Barracosa, do Valente, só para citar alguns), ao da equipa da Matriz (onde pontificava um jogador talentoso, o Carlos Luís) e ao da equipa dos Correios, liderada pelo Luís “Cabo Barulho” Guerreiro, que, infelizmente, já não está entre nós.

Esta realidade em torno do “jogo da bola”, vivida por nós, então meninos e moços, com 12 anos de idade, levou-nos a convencer adultos a oferecerem bolas e equipamentos, a coordenar e regulamentar competições e, dentro dos campos, a fintar adversário, pedras e, até árvores! É certo que a revolução de abril de 1974, que ocorreu nesse período, deu ajuda decisiva, mas este movimento, “o dos meninos que eram felizes a jogar futebol”, foi, sem dúvida, fundamental para que daí tenham saído dirigentes, treinadores e jogadores.

Rui Carminho era o talento maior dessa geração. Ou melhor, jogando sempre com a cabeça levantada, com uma espantosa visão de jogo, com um perfeito domínio de bola, com uma precisão de passe atonitamente certeira, com uma capacidade de drible em progressão extremamente eficaz e conseguindo conduzir a bola com ela colada ao pé, Rui Carminho não foi só o maior talento dessa geração, Rui Carminho ocupa o pódio dos três maiores talentos de sempre do futebol de Loulé. A par de Luís Piçarra (1971) e de Manuel Mendonça (2005 – atualmente no Sporting CP). Esta é uma forte convicção minha.

E o título de Vice-Campeão de Iniciados que o Louletano alcançou em 1976/77, só baqueando, por 0-2, numa discutida final frente ao FC Porto, após eliminar Sporting e Belenenses, por exemplo, teve em Rui Carminho o estratega ideal e decisivo e o seu cunho. Como tiveram o seu cunho as diversas equipas que representou, desde Juniores e Seniores do Farense, aos Seniores do Louletano, onde jogou a maior parte da carreira, aos seniores do Campinense e da AC Salir.

Ou seja, uma carreira que soube a pouco. Porque quem, sendo 1º ano de sénior, fez a espantosa exibição que fez num célebre Farense, 0 – FC Porto, 1, para a Taça de Portugal, em que vários periódicos desportivos o consideraram o melhor em campo (eu estava lá e vi claramente visto), tem uma certeza: o Rui Carminho passou à margem de uma carreira que poderia ter sido extremamente brilhante.

Mas todos os que conviveram com ele sabiam que o Rui tinha mais prazer a jogar uma partida com um grupo de amigos (“quem perder paga o lanche”) do que um jogo profissional. E há que respeitar as opções de cada um.

 

LOULETANO DC – INICIADOS 1976/77: VICE CAMPEÃO NACIONAL

Foto da Final com o FC Porto, no Estádio da Tapadinha, em Lisboa (0-2). Em cima: David Alcaria, Rui Carminho, Óscar, Américo, Florêncio, Carlos José, João Francisco e João Velhinho. Em baixo: Delfim Batista, Domingos, Rui Aragão, Henrique Gravato, Carlos Guerreiro, Carlos Luís, Hélder Guerreiro e Sérgio Fernandes (ausentes da foto: Hélio Viegas que tinha partido a perna no jogo anterior com o Belenenses e Vítor Sousa)