São Brás de Alportel inaugura na quinta-feira uma réplica do hidroavião «Santa Cruz» com que Gago Coutinho e Sacadura Cabral fizeram a primeira travessia aérea do Atlântico em 1922.

É uma peça da autoria de Carlos de Oliveira Correia, com as dimensões reais do hidroavião original, ou seja, mais de quatro metros de altura e uma distância de 14 metros entre as asas.

À agência Lusa, o artista explicou que a réplica foi construída ao longo de 500 dias e após um processo de muito estudo, cálculo de medidas, análise de fotografias e várias viagens até ao Museu do Ar, em Alverca.

“À noite, trabalha-se nos cálculos e de dia solda-se e corta-se o ferro”, contou, acrescentando: “São muitas horas e muito ferro”. Concretamente, 20 toneladas de ferro.

A iniciativa surgiu de um desafio da Câmara de Celorico da Beira, terra natal de Sacadura Cabral, mas acabou por não se concretizar.

Carlos de Oliveira Correia, residente em Castro Marim, no Algarve, não quis abandonar o projeto e pesquisou sobre as origens de Gago Coutinho, tendo percebido então que o pai de Gago Coutinho e os seus avós paternos eram naturais de São Brás de Alportel.

Apresentou o projeto à autarquia que se mostrou recetiva e escolheu a envolvente das piscinas municipais cobertas para fazer a instalação do hidroavião, um biplano Fairey IIID.

“Ficámos muito agradados com a possibilidade de termos aquela imponente e extraordinária obra de arte no nosso concelho”, disse à Lusa o presidente da Câmara, Vítor Guerreiro.

O autarca explicou que a peça vai ser mais um ponto de atração àquela vila do interior algarvio e que conta uma parte da História de Portugal, do concelho e das suas gentes.

“Sacadura Cabral e Gago Coutinho são duas figuras importantes do nosso país. Dois aventureiros que também ilustram o espírito do povo são-brasense que acaba por estar espalhado por todo o mundo”, referiu Vítor Guerreiro, apontando para os emigrantes daquele concelho.

A réplica chegou a S. Brás de Alportel no dia 23 após uma operação complexa de transporte que implicou o transporte separado das asas, do corpo do hidravião e das plataformas que o sustentam.

Toda a estrutura foi entretanto montada no local.

“É uma peça que no fundo conta a história de dois heróis nacionais que em 1922 fizeram o feito de fazer a travessia aérea para o Brasil com as condições que tinham” na época, observou o autor da obra.

A inauguração assinala o 95.º aniversário sobre a partida para a primeira travessia aérea do Atlântico protagonizada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, uma “aventura” que será explicada por João Moura Ferreira.

A cerimónia tem início marcado para as 18:00 e contará ainda com a presença de representantes da Associação Aeronáutica do Algarve e da associação Lusitania 100.

 

Por: Lusa