Países como Portugal têm «falta de meios para dar conta do acelerado envelhecimento da população», conclui estudo da C&W
Portugal, tal como Itália ou Espanha, tem de aumentar a oferta de residências seniores para garantir o bem-estar e a qualidade de vida da população envelhecida, isto porque só há no país atualmente 104.700 mil camas, distribuídas por 2.570 lares/residências seniores (públicos, sem fins lucrativos e particulares). Esta é uma das conclusões a retirar de um estudo da Cushman & Wakefield (C&W). 
 
Segundo o mesmo, apesar da maioria do mercado ainda ser dominado por instituições sem fins lucrativos, o setor privado é responsável por 25% das camas disponíveis. “E a tendência é que o investimento internacional comece a ganhar mais peso nas residências seniores nacionais – com as ‘prime yields’ para imóveis ligados ao setor da saúde a serem estimados em cerca de 5,75% em 2023, enquanto os escritórios e retalho atingiram cerca de 5,00% e 4,75%, respetivamente”, refere a consultora imobiliária em comunicado. 
 
Segundo a C&W, os quatro maiores operadores privados em Portugal deste mercado, que gerem um total de 2.680 camas, divididas por 30 unidades de residências seniores, são os seguintes:
 
Grupo Residências Montepio (1.007 camas | 8 lares);
Emeis (FKA Orpea | 815 camas | 10 lares);
DomusVi (470 camas | 5 lares);
Naturidade (376 camas | 7 lares).
O estudo conclui, portanto, que países como Portugal têm “falta de meios para dar conta do acelerado envelhecimento da população”. E vai ainda mais longe: há 6,8% de pessoas em Portugal com mais de 80 anos, mais que na média europeia (6%). Um valor que tende a aumentar com passar dos anos, estimando-se que possa chegar aos 12,7% até 2050. 
 
Citado na nota, Ricardo Reis, diretor do departamento de Avaliação & Advisory da C&W, diz que tem sido notório que há “um interesse crescente na área de acomodação sénior” no país, devido à conjuntura demográfica e à falta de oferta. 
 
"O país tem de se preparar para o crescimento do número de idosos a carecerem de alojamento e oferecer-lhes condições que lhes permita ter uma vida digna"
Ricardo Reis, diretor do departamento de Avaliação & Advisory da C&W
 
“Acreditamos que iremos verificar um aumento do investimento privado na área, sendo esta perspetiva facilmente verificada pelos valores mais recentes: o volume de investimento em imóveis ligados ao setor da saúde, em Portugal, duplicou de 125 milhões de euros em 2020 para cerca de 250 milhões de euros em 2021, sendo que, em 2022 iniciou a sua descida para 115 milhões de euros e, em 2023, caiu abaixo de 20 milhões de euros”, acrescenta. 
 
Para Ricardo Reis não há dúvidas de que este setor é uma área crucial para futuros investimentos. Deixa, no entanto, um alerta: “O país tem de se preparar para o crescimento do número de idosos a carecerem de alojamento e oferecer-lhes condições que lhes permita ter uma vida digna. A solução poderá passar pela sinergia e expansão das entidades já presentes no mercado nacional. Contudo, será necessário um plano público bem estruturado de estímulo (incentivos) ao desenvolvimento público e privado, combinado com o apoio às famílias portuguesas”.
 
Por: Idealista/news