Um manifesto, assinado por 25 entidades que constituem o conselho geral da Associação Rota Vicentina, pede ao Governo a «suspensão imediata» dos contratos de prospeção e exploração de hidrocarbonetos no Algarve e na costa alentejana.

“Há uma preocupação muito grande, não só relativamente à possibilidade de virmos a ter aqui prospeção e exploração de hidrocarbonetos, mas relativamente ao próprio processo, que foi muito pouco transparente e onde as entidades não foram ouvidas”, disse ontem à agência Lusa Marta Cabral, presidente da Rota Vicentina, Associação para a Promoção do Turismo de Natureza na Costa Alentejana e Vicentina.

Afirmando que “não houve discussão pública”, Marta Cabral defendeu que há “questões que têm de ser devidamente esclarecidas”, antes de se avançar para contratos com a duração de “30 ou 40 anos”.

“Estamos, há não sei quantos anos, a fazer investimento público e privado na sustentabilidade da região e esta possibilidade coloca totalmente em causa a credibilidade desse investimento”, argumentou.

Lembrando o esforço de “concertação” de diversas entidades, como pequenas empresas, autarquias, instituições públicas e associações, para traçar um “caminho de desenvolvimento sustentável” para a região, a presidente da Rota Vicentina disse esperar, com a divulgação do manifesto, conseguir “chamar a atenção do governo” e “das pessoas”.

“De uma vez por todas, temos que perceber exatamente o que é que queremos e querer uma coisa significa abdicar de outra”, disse.

No documento, a que a Lusa teve acesso, é destacada a “estratégia regional e local”, que aposta no “desenvolvimento do turismo sustentável e da valorização dos recursos endógenos”, e que tem contado com o apoio de “largos milhões de euros em fundos europeus, planos estratégicos setoriais e planos de ordenamento diversos”.

“Investimentos públicos e privados deram resposta ao desafio da sustentabilidade e esta costa é hoje um dos melhores destinos de turismo ativo da Europa, como o provam inúmeras certificações, prémios e nomeações obtidos pela Rota Vicentina e pela região, o último dos quais, a inclusão da costa sudoeste na lista indicativa da UNESCO”, argumentam os subscritores.

O manifesto foi assinado por 25 das 38 entidades que constituem o conselho geral da Rota Vicentina, como a Agência Regional de Promoção Turística, a Associação de Turismo do Algarve e as regiões de Turismo do Algarve e do Alentejo, a Universidade de Évora, a Liga para a Proteção da Natureza e a Associação Bandeira Azul da Europa.

Os municípios de Odemira, Aljezur e Vila do Bispo e as juntas de freguesia desses concelhos, de Sines e de Santiago do Cacém e a Associação de Marisqueiros de Vila do Bispo e Costa Vicentina também subscreveram o documento, entre outras associações locais e regionais de desenvolvimento e de defesa do património cultural e ambiental do Alentejo e Algarve.

O documento foi remetido, na quarta-feira, ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e ministérios do Mar, do Ambiente e da Economia, a várias comissões e grupos parlamentares e à Agência Portuguesa do Ambiente, entre outras entidades.

 

 

Por Lusa