O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) alertou ontem para um eventual subfinanciamento do Estado de cerca de cinco milhões de euros devido à falta de contabilização oficial das dormidas nos alojamentos locais com menos de 10 camas.
“A região do Algarve em 2023 poderá ter um número à volta das oito milhões de dormidas [no alojamento local] que não foram contabilizadas para efeitos do INE [Instituto Nacional de Estatística] e que não são contabilizadas para o financiamento das entidades regionais [de turismo]. Isso é extremamente preponderante e negativo para o Algarve, em particular”, disse André Gomes aos jornalistas, em Faro.
 
O dirigente falava à margem da apresentação do novo Plano de Marketing Estratégico do Turismo do Algarve (PMETA), com horizonte temporal até 2028 e no qual, na parte relativa ao diagnóstico do turismo regional, essa questão é abordada.
O alojamento local na região do Algarve conta com mais de 43.700 registos, cerca de 42.800 dos quais com um número inferior a 10 camas e que não são contabilizados pelo INE, uma situação que se verifica a nível nacional.
 
“A crescente importância do alojamento local não se encontra (devidamente) refletida na avaliação de desempenho da região (ou do país). Efetivamente, o sistema estatístico nacional apenas apresenta resultados de procura referentes a unidades de alojamento local com 10, ou mais camas (2,1% no Algarve)”, o que “negligencia cerca de 143 mil das camas do Algarve (90,5% do total de camas em alojamento local da região)”, lê-se no plano.
Como um dos indicadores principais para definir o financiamento das entidades regionais é precisamente o desempenho ao nível das dormidas, André Gomes apontou para “um subfinanciamento perante aquilo que é o peso da região”.
 
Com base num exercício efetuado com dados do Eurostat relativos às reservas registadas desde 2018 nas plataformas de reservas de alojamento local, o PMETA indica que “só em 2023 estão a ser desconsiderados no desempenho turístico do Algarve cerca de 8,7 milhões de dormidas, ou mais de 202 milhões de euros em proveitos”.
“O Algarve está a ser financiado com base nos 20,4 milhões de dormidas registados pelo INE em 2023, quando na realidade foi uma região que teve perto de 29 milhões de dormidas”, reforçou André Gomes.
Em causa, salientou o presidente da Região de Turismo do Algarve, poderá estar um valor de financiamento “na ordem dos quatro a cinco milhões de euros”.
“Quando estamos a falar de orçamentos anuais para as entidades de turismo do Algarve na ordem dos 10 milhões [de euros], podemos estar a falar aqui de uma perda na ordem dos cinco milhões de euros”, afirmou.
 
O documento orientador da estratégia da atividade turística para o Algarve hoje apresentado define as principais linhas de ação e metas até 2028, no sentido de continuar a estabelecer “um destino turístico competitivo, desenvolvido de forma sustentável, reconhecido nacional e internacionalmente pela qualidade e diversidade da sua oferta, e capaz de proporcionar experiências memoráveis todo o ano”.
 
São definidos quatro objetivos (aumentar a competitividade, desconcentrar a procura, diversificar mercados e compromisso com a sustentabilidade), e cinco eixos de atuação (valorizar o território e as comunidades, impulsionar a economia, potenciar o conhecimento, gerar redes e conectividade, e projetar o Algarve).
“Esperamos ver toda uma região pautar e colocar a vertente desta estratégia naquilo que são as suas ações e os seus planos de atividades. No fundo, é isso que pretendemos: deixar um caminho que a região deve seguir ao nível do setor do turismo para atingirmos estas metas e objetivos, algumas delas mensuráveis até 2028”, frisou André Gomes.
Face aos números oficiais de 2023, o Algarve conta ter em 2028 subidas de 10% no movimento de passageiros no Aeroporto Internacional Gago Coutinho, 4,1% nas dormidas de estrangeiros e 12% nos proveitos totais.
 
 
Lusa