O regresso do filho pródigo a casa permite ao Team Tavira recuperar, na 77.ª Volta a Portugal em bicicleta, o sonho que abandonou em 2011, quando Ricardo Mestre vestiu a última das quatro amarelas consecutivas da equipa algarvia.

Durante anos, a formação mais antiga do pelotão nacional era, incontestavelmente, a candidata número um à amarela final, mas temporadas convulsas, com dificuldades financeiras e sem ‘mão-de-obra’ à altura das quatro vitórias somadas entre 2008 e 2011 (as três primeiras por David Blanco), reduziram as aspirações do emblema de Tavira aos triunfos em etapas.

Até este ano. Ricardo Mestre voltou e com ele regressou a ambição de, como Vidal Fitas admitiu à Agência Lusa, “lutar pelo pódio”.

“Temos o Ricardo, mas estamos conscientes que não temos aquela equipa que tínhamos em 2010, em 2009. Os valores neste momento são outros. Os adversários também não têm os valores que tinham... a nossa intenção é lutar pelo pódio, é mais realista. É evidente que o pódio tem primeiro, segundo e terceiro”, brincou o diretor desportivo algarvio.

O regresso do ciclista querido, que nunca teve a mesma dose de sucesso em nenhuma outra equipa, abriu os horizontes do Team Tavira, com o seu responsável a revelar que o último português a vencer a Volta a Portugal está “num momento bastante aceitável”.

“Já deu para ver que tudo o que foi programado está a correr bem. Aos adversários também poderá estar e ele poderá não atingir um nível que permita derrotá-los”, alertou, referindo-se a Gustavo Veloso, Delio Fernández ou Alejandro Marque.

No entanto, Vidal Fitas dá-se ao trabalho de dividir os denominados ‘candidatos’ em dois grupos: o dos principais candidatos, no qual se destaca Veloso e entram Mestre, os outros dois galegos e Rui Sousa, ciclistas que considera estarem “um patamar acima dos outros”, e o dos ‘outsiders’.

“Depois há uma série deles que, pelo que têm feito durante o ano e fizeram em anos anteriores, também poderão ser considerados candidatos. Estamos a falar do Jóni Brandão, do Amaro Antunes, agora o João Benta. Eventualmente, algum estrangeiro que nós não estejamos a contar. O Alberto Galego também. Creio que as coisas não fugirão muito disso. Os adversários estão identificados, o nível com que irão chegar à Volta é que é uma incógnita”, reconheceu.

Com a Torre e o contrarrelógio como momentos decisivos para encontrar os três mais fortes da 77.ª edição, Vidal Fitas prestará atenção a outras movimentações, noutras etapas, mais propícias a Manuel Cardoso, que em 2014 lhe deu a maior das alegrias ao vencer em Lisboa.

“A equipa é constituída por dois blocos. Um para a montanha, outro para as etapas planas. O Manel é um ciclista que, esse sim, é favorito nas chegadas em pelotão e nós não podemos abdicar disso, porque também não é certo que o Ricardo consiga cumprir os objetivos a que nos propusemos. Por isso, temos de tentar aproveitar o facto de termos o melhor sprinter português e tentar rentabilizá-lo nas etapas que chegam ao ‘sprint’”, confirmou

 

Equipa: Ricardo Mestre (Por), David Livramento (Por), Henrique Casimiro (Por), Daniel Mestre (Por), Diogo Nunes (Por), João Rodrigues (Por), Valter Pereira (Por), Manuel Cardoso (Por) e Rafael Reis (Por).

Diretor desportivo: Vidal Fitas.

 

Por Lusa