“Duvidei um bocado ao início, porque só te passam pensamentos maus pela cabeça, porque foi uma lesão grave”, confessou o ciclista da UAE Emirates à agência Lusa, ao ser questionado sobre se em algum momento, durante a difícil e longa recuperação da queda sofrida na quinta etapa do Critério do Dauphiné, pensou que não regressaria à estrada.
Mas desde aquele dia 03 de junho de 2021 que Ivo Oliveira tentou focar-se apenas naquilo que conseguia controlar, que era recuperar-se – e nem a embolia pulmonar que enfrentou dias após a queda lhe ‘minou’ a motivação.
“Obviamente que tinha sempre a dúvida de se iria voltar a ser como era. Neste momento, não estou 100% competitivo, ao nível de ganhar e da minha forma física, mas é só com as corridas que vou ganhar isso”, assumiu o corredor gaiense, que está a cumprir, na Volta ao Algarve, apenas a sua quinta prova desde que caiu e soma agora 10 dias de competição.
O campeão português de contrarrelógio de 2020 sabe que voltar ao ‘normal’ “vai custar, vai demorar o seu tempo”. “Tenho noção disso. Mas vamos corrida a corrida, vou levar isto como um treino”, completou.
“Mesmo depois de quase nove meses, ainda tenho algumas partes do meu corpo que se estão a adaptar à operação, e mesmo o corpo está a adaptar-se à posição da bicicleta, e isso vai levar o seu tempo, pode levar até anos”, concedeu.
O acidente de Egan Bernal, que recentemente fraturou quase duas dezenas de ossos, entre os quais o fémur, ao colidir com um autocarro durante um treino, trouxe-lhe à memória a sua queda, embora a do colombiano, vencedor do Tour2019 e do Giro2021, tenha sido “mais grave”.
“É bom ver que ele já esta na recuperação e até faz mais do que aquilo que eu fazia na altura. Parece que está a reagir bem às operações, fico contente de o ver recuperar”, admitiu, numa demonstração de solidariedade de quem entende bem as provações que o corredor da INEOS terá de enfrentar na sua recuperação.
Ultrapassado que está o seu próprio processo de reabilitação, que o deixou “quase a 100%”, Ivo Oliveira está agora centrado no momento, nomeadamente na alegria de estar na sua ‘querida’ Volta ao Algarve.
“Para mim, é bom. Eu faço quase todos os anos a Volta ao Algarve. Fico contente por estar de volta, o calendário assim o permitiu. Vamos tentar dar o melhor, como sempre”, declarou.
Nas próximas semanas/meses, correrá “umas clássicas na Itália e na Bélgica” e, depois, a Volta à Catalunha, no final de março, e a Volta à Turquia, já em abril.
“E a grande Volta será a Vuelta, esse será o meu objetivo este ano”, avançou.
O ciclista de 25 anos ocupa a 61.ª posição da geral da 48.ª Volta ao Algarve e vai hoje partir para a terceira etapa, uma ligação de 211,4 quilómetros entre Almodôvar e Faro, a mais de 10 minutos do camisola amarela, o francês David Gaudu (Groupama-FDJ).