Descer o teste de stress de 3% aplicado às taxas de esforço está em cima da mesa pelo BdP.
Bancos vêem medida com bons olhos.
Na hora de pedir um crédito habitação de taxa variável ou mista, os bancos são obrigados a calcular a taxa de esforço, incluindo um teste de stress de 3%. Mas esta medida macroprudencial do Banco de Portugal (BdP) tem levado a que muitos empréstimos habitação sejam recusados, admitem os bancos portugueses. Foi por identificar este problema no acesso ao crédito habitação, que a vice-presidente do Banco de Portugal (BdP), Clara Raposo, admitiu baixar o teste de stress.
Para simular a capacidade financeira das famílias de fazer face a uma possível subida de juros, os bancos calculam a taxa de esforço do crédito habitação de taxa variável ou mista. E, desde 2018, devem incluir um teste de stress de 3%. Acontece que como a Euribor ronda hoje os 4%, pelo que simular o impacto da subida de três pontos adicionais implica considerar taxas de juro superiores a 7%, níveis que a Euribor nunca chegou e não deverá chegar, de acordo com as previsões dos especialistas.
Isto quer dizer que se no passado faria sentido utilizar o teste de stress de 3%, hoje deixou de o fazer, por ser irrealista. Até porque esta taxa de esforço calculada com o teste de stress também não deverá ultrapassar o limiar dos 50%. Estas regras estão a dificultar o acesso ao crédito habitação, sobretudo, para quem recebe menores rendimentos. Muitos optam por comprar casas mais baratas e pedir menos capital no crédito habitação, tal como noticiou o idealista/news.
Mas como vêem os bancos a possibilidade de ser revisto o atual teste de stress de 3%, tal como avançou Clara Raposo? A Associação Portuguesa de Bancos (APB), ainda não foi abordada pelo BdP sobre esta mudança, mas vê “esta medida como positiva, considerando que os bancos já tinham referido, algumas vezes, que o atual limite estaria a dificultar o acesso das famílias ao crédito".
Também a generalidade dos bancos vê a redução do teste de stress com bons olhos, uma vez que está, de facto, a limitar o acesso ao crédito habitação. É o que diz o BCP: “Haverá certamente um conjunto significativo de operações que hoje não se fazem em resultado dessa limitação e que serão passíveis de passar a fazer”, cita o Expresso. Também o BPI admitiu que “existem situações desta natureza”, sem avançar com números.
Sobre este ponto, o Novo Banco indica que “o número de propostas efetivamente recusadas por taxa de esforço excessiva tem sido residual”. Por seu turno, o Crédito Agrícola diz que a “a percentagem de recusas se situa na ordem dos 3%”, avança o mesmo jornal.
A ideia do BdP passa, agora, por fazer uma revisão ao teste de stress, baixando-o dos atuais 3% para um patamar ainda não revelado. Tudo para que o acesso ao crédito habitação chegue a mais famílias, tal como disse a sua vice-presidente.
Por: Idealista