por Rui Cristina | ruicristina19@gmail.com

O Poder Local personificado pelos autarcas eleitos no respetivo Concelho corporiza a capacidade democrática de maior proximidade e de uma maior atenção às necessidades concretas das populações.

Creio que todos concordarão com esta afirmação, sejam eleitores ou eleitos, mas parece haver no atual executivo da Câmara Municipal de Loulé, liderada pelo socialista Vítor Aleixo, uma extrema dificuldade em passar das palavras aos atos.

Cumprido o segundo ano de mandato, os louletanos que poderiam ter abastecimento de água não têm, aqueles a que ainda falta a rede de esgotos nas suas terras continuam sem esse melhoramento, tão importante para a saúde pública e para a preservação do ambiente.

E tudo isto quando há nos cofres da autarquia e em contas bancárias quase 40 milhões de euros, mais exatamente 39 984 380 euros, como indica o documento aprovado em reunião de câmara de outubro.

Um valor mais do que suficiente para concluir o abastecimento de água potável e os esgotos, cuja rede está por concluir e assim promover a continuidade do desenvolvimento do concelho de Loulé. E ainda ficariam muitos milhões para outras obras, igualmente necessárias, se nos quisermos manter como o concelho mais rico do Algarve.

Em vez disso, temos o arauto da desgraça do PS, a proclamar que existem dificuldades financeiras deixadas pelo anterior executivo. Há alguém que não sabe fazer contas na equipa do Dr. Vítor Aleixo e, apesar de o PSD já ter demonstrado o contrário inúmeras vezes ao longo desta penosa e ineficaz gestão socialista, o executivo municipal insiste nessa inverdade.

Desafio diretamente o atual Presidente da Câmara a dizer se não encontrou 19 milhões de euros como saldo de tesouraria em 2013, se este saldo não atingiu 24 milhões de euros em 2014 e se, em outubro de 2015, não estavam disponíveis quase 40 milhões de euros.

Por mais voltas que se dê, os documentos camarários e bancários deitam por terra a argumentação das dificuldades financeiras herdadas.

Só se pode tirar uma conclusão destas atoardas propagandísticas: o executivo municipal socialista procura mascarar a sua incapacidade, fazendo-se de vítima ao alegar a falta de dinheiro para mascarar a inércia e a falta de projectos que marcam estes dois anos de mandato.

Também se pode acrescentar que, provavelmente, o PS ignora hoje as necessidades dos louletanos que poderiam ser resolvidas de imediato, para daqui a dois anos fazer a “magia” de apresentar um ou outro projeto, em período pré-eleitoral.

São formas de estar na política falaciosas e pouco sérias que deveriam estar arredadas das práticas do executivo municipal, pelo menos se quiserem cumprir o objetivo superior do Poder Local: servir as populações, procurar melhorar o seu bem-estar e trabalhar para o desenvolvimento do concelho.

Até agora, dois anos volvidos, o que o PS demonstrou foi total desprezo pelos munícipes, ao “esconder” 40 milhões de euros, que poderiam alicerçar obras de investimento público.

Resta saber o que realmente está por detrás desta estratégia.