Foi inaugurado o Centro Pastoral de Santa Luzia – Tavira concluído em 2020
O bispo do Algarve benzeu e presidiu no passado sábado à inauguração do Centro Pastoral de Santa Luzia – Tavira, cuja obra ficou concluída em 2020, durante a pandemia.
Construída num terreno que resultou de uma permuta com a Câmara de Tavira, a obra do Centro Pastoral foi iniciada em 2011 pelo padre José Nabais Pereira, antigo pároco de Santa Luzia, falecido em 2015, que não a conseguiu terminar.
Projetada pelo arquiteto Olavo Benedito Dias para o terreno que acabou por ser permutado com a autarquia, a obra foi iniciada no novo espaço, tendo sido construída toda a estrutura com reboco exterior, mas interrompida devido ao falecimento do pároco de então.
Com a chegada às paróquias de Tavira em 2016 do atual pároco, o padre Miguel Neto, o processo foi retomado, mas foram precisos dois anos para que as várias alterações ao projeto, introduzidas pelo seu falecido antecessor, fossem aprovadas pelo arquiteto e regularizadas pela autarquia com vista à legalização do edifício e à emissão da respetiva licença de utilização, como confirmou a presidente da Câmara de Tavira, presente na sessão de inauguração.
Renovada a licença de construção, os trabalhos reiniciaram-se em 2018 e, segundo declarou ao Folha do Domingo o engenheiro Miguel Mártires, responsável pelo acompanhamento da segunda fase da obra que ficou concluída no primeiro trimestre de 2020, foram realizados à medida que havia verba.
Embora não saiba qual o valor despendido na obra pelo seu antecessor, o padre Miguel Neto estima que o Centro Pastoral, agora inaugurado, tenha custado cerca de 1 milhão de euros, valor que inclui equipamento e mobiliário. O pároco atual explica que desde a sua chegada foram gastos cerca de 450 mil euros, tendo sido contraído um empréstimo bancário de 200 mil euros para a sua conclusão, faltando pagar 180 mil euros.
Na celebração da bênção, em que foi reforçada a ideia de que “a Igreja precisa de possuir meios adequados para o exercício de uma eficaz ação pastoral, desenvolvida também com a colaboração imprescindível dos leigos”, D. Manuel Quintas realçou que a infraestrutura se deveu à “visão evangelizadora e missionária” do padre José Nabais.
Ele olhou ao longe e pensou esta obra aqui para Santa Luzia, mas ao mesmo tempo vendo que ela podia servir muito além daquilo que é o espaço geográfico desta comunidade”, afirmou, explicando ser isso que está a acontecer e que tal “deve-se também ao padre Miguel”, a quem dirigiu “uma palavra de reconhecimento” “porque não desistiu e não desanimou”. “Assumindo a substituição do padre Nabais, assumiu também a continuidade desta obra não sozinho, mas apoiado por todos aqueles que o acompanharam, certamente muitos de vós que aqui vos encontrais”, prosseguiu, sublinhando a “importância da ação pastoral dos leigos”.
Em visita pastoral este fim de semana às paróquias de Tavira e da Conceição, naquele concelho, o bispo diocesano considerou que “quanto mais gente é envolvida nestas obras, mais elas são expressão do serviço à comunidade em geral e não apenas à comunidade católica”. “Estamos abertos a tudo e a todos”, referiu, realçando a importância da comunhão para levar adiante projetos como aquele.
O bispo do Algarve agradeceu ainda a D. Manuel António dos Santos, bispo emérito de São Tomé e Príncipe – que está a substituir o padre Miguel Neto a realizar o seu doutoramento em Espanha e que, por isso, não esteve presente – pelo “esforço de utilização” daquele espaço que está a levar a cabo com os leigos que o apoiam. “Já há muitas iniciativas aqui e que este espaço está ao serviço das paróquias de Tavira. Só por isso já vemos como foi importante esta visão do padre Nabais e temos muita pena que ele não esteja aqui hoje”, referiu D. Manuel Quintas.
Realçando o “envolvimento” das paróquias de Tavira, que assumiram com a sua aprovação aquele Centro Pastoral ao serviço de todas as paróquias daquela área, o bispo do Algarve deixou-lhes um pedido. “Desfrutem deste espaço porque é a melhor maneira de agradecermos seja o padre José Nabais, seja ao padre Miguel o seu empenho e esforço para a conclusão desta obra”, exortou na inauguração que contou também com um representante da comunidade inglesa.
D. Manuel António dos Santos deu conta dessa procura de “soluções” para a utilização do equipamento, “destinado a melhor servir as comunidades a ele associadas, bem como quantos ali se fixam durante as suas férias”, explicando que “o salão tem sido usado para vários encontros e as salas também”. “Que isto seja sempre um lugar de encontro e de comunhão e que concretize Tavira como terra de fraternidade e de comunhão”, desejou, reconhecendo o trabalho do padre Nabais e também do padre Miguel pelo “esforço que colocaram na obra”.
No texto que enviou para ser lido, o padre Miguel Neto realçou a “visão de futuro” do padre José Nabais, evidenciando que o equipamento para além de “importantes instalações de apoio pastoral e à evangelização”, dotou as paróquias de Tavira de “uma casa paroquial que não existia”. “É essencial que as comunidades cristãs da cidade de Tavira usem este edifício, quebrando as pequenas distâncias físicas e as grandes distâncias mentais e psicológicas de separação entre Tavira e Santa Luzia. Só assim ele é rentável e cumpre a sua missão”, advertiu.
O pároco agradeceu ao atual e ao anterior executivo camarário e aos técnicos da autarquia “É de louvar quando o serviço público ajuda a criar condições para melhorar a vida espiritual cristã das populações e infraestruturas de suporte à vida social, cultural e religiosa da comunidade”, escreveu, agradecendo ainda aos paroquianos.
A presidente da Câmara Municipal, Ana Paula Martins, também realçou o “equipamento que vai servir toda a paróquia” e o “trabalho que foi feito com a paróquia para chegar a bom porto” a conclusão da obra.
Ao Folha do Domingo, a paroquiana Manuela Fernandes testemunho que o Centro Pastoral – composto por três pisos com um salão com cozinha de apoio, três salas, três casas de banho, cave e garagem, escritório paroquial e residência paroquial com três quartos com casas de banho, uma cozinha e uma sala de estar – tem servido para encontros da catequese, formação e reuniões de catequistas e de sacerdotes, “não só de Tavira, mas a do Centro Evangelizador”, constituído por várias paróquias. “Temos disponibilizado também à comunidade para festas quando precisam e tem sido muito procurado”, acrescentou, explicando que as instalações têm recebido igualmente grupos de fora e, durante o verão, sacerdotes também de outras dioceses que vêm colaborar com aquelas paróquias.
Folha do Domingo