Deste-me a Lua
Em teu leite morno
E as estrelas em gestos
E ternuras que moldaste
E uma casa – em teu colo –
Toda seda e linho
Onde enovelaste
O princípio e o fim do meu caminho.
Deste-me o Sol
Na claridade das palavras sábias
Com que atapetaste
O meu amanhecer
E um arco-íris
Para me acompanhar
Para me acompanhar e defender.
Mas a dada altura
A noite quis impor-se
A noite escura
A noite e o frio
Aquela escuridão
Que esmaga o coração
De quem teve Mãe
E que partiu…
Óh não!
Tu não morreste Mãe
O teu sorriso
É uma lanterna
Uma bússola eterna
A apontar-me o Paraíso!