O Passeio Marginal de Albufeira, um dos ícones turísticos da cidade e uma referência identitária de várias gerações de albufeirenses, que por ali se passearam, mergulharam da ponte de terra ou da ponte de fora, consoante a coragem ou o incentivo dos amigos, desfrurtaram da paisagem, namoraram e combinaram casamentos, está a ser sujeito a obras de requalificação. A obra inicial, contemporânea da construção do túnel de acesso à Praia do Peneco, está agora a ser recuperada e abrange a recuperação da Casa da Água, infraestrutura responsável pelo abastecimento de água aos galeões e, mais tarde, às traineiras da pesca da sardinha.
MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA PROMOVE OBRAS DE REQUALIFICAÇÃO DO PASSEIO MARGINAL
A obra voltou a colocar o Passeio Marginal no roteiro de visitas obrigatórias
A obra de requalificação do Passeio Marginal de Albufeira, popularmente conhecido pelo «Passeio dos Tristes», consistiu na colocação de pedras e betão ao longo do percurso (que tem início no areal da Praia do Peneco e vai até à Casa da Água), com vista a tapar os buracos existentes e regularizar todo o passeio marginal, que agora ficou mais seguro e volta a ser local de vista obrigatória no roteiro turístico da cidade.
Para além dos trabalhos de betonagem, serão colocados alguns degraus na zona de desnível existente, por forma a facilitar e tornar mais segura a visita. Por sua vez, a Casa da Água irá, também, sofrer alguns melhoramentos, nomeadamente ao nível da porta e janela, que serão tapadas por indicação da APA – Agência Portuguesa do Ambiente, reparação do reboco (buracos, fissuras, etc.) e pintura. Prevê-se que a empreitada, que orçou em 16.370,75€, fique concluída até ao final da próxima semana.
O presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, refere que «a intervenção é uma mais-valia para o concelho, quer sob o ponto de vista turístico quer da reabilitação da memória coletiva das gentes da terra, que têm neste espaço e nesta paisagem paradisíaca muitas histórias para recordar». Rogério Neto, vereador responsável pelo Ambiente, por sua vez, sublinha «que o Passeio Marginal é um ex-líbris de Albufeira, que faz todo o sentido requalificar, acautelando as necessárias questões de segurança, para que volte a fazer parte da vivência da população e dos turistas que nos visitam».
Na obra «Albufeira – Histórias do Passado – 1910- 1960», Ana Paula Azinheira refere que o Passeio Marginal foi projetado pelo pintor Samora Barros e que a sua construção teve duas fases: a primeira em 1936, logo depois da construção do túnel de acesso à praia, e a segunda em 1940, ano que marca as obras de prolongamento e finalização do projeto. Contornava toda a falésia desde o Peneco até quase à Bica, no Rossio. Começava num lance de escadas construído em pedra a escassos metros da Praia do Peneco, prolongando-se até um espaço com mesas e bancos, também em pedra, onde se realizavam os piquenines, em que não faltava o pão com chouriço, os queijos, o garrafão de vinho e a melancia.
A ponte de terra e a ponte de fora, eram os locais privilegiados de míúdos e graúdos, para mergulhos e pescarias. A Casa da Água, onde se abasteciam os galeões e mais tarde as traineiras, foi um marco importante na vida dos pescadores. Três apitos serviam para assinalar a presença dos barcos e chamar a atenção dos trabalhadores da Câmara responsáveis pelo abastecimento de água aos barcos.
A população quando ouvia os apitos tinha por hábito gritar «apita, apita que vem aí o João Bita». Refere, ainda, a autora que o traçado do Passeio Marginal continuava serpenteando pelo rochedo até terminar na «Toca dos Carneiros», que segundo reza a história, no tempo da conquista da vila aos mouros terá servido de refúgio aos que fugiam das investidas das tropas portuguesas.
Por: CM Albufeira