O Museu do Traje de São Brás de Alportel apresenta até final do corrente ano de 2022 a exposição «Ainda a Liberdade».

Trata-se de uma ação da iniciativa da comunidade ucraniana do Algarve, participada ativamente por todos quantos se sentem solidários com o povo ucraniano.

A Ucrânia é um país longínquo, mas que nos é familiar devido à numerosa comunidade que escolheu a nossa região em busca da sua felicidade pessoal e familiar. Os trágicos acontecimentos que nos entram todos os dias pelos olhos e pela alma, apenas vieram fortalecer esse sentimento de unidade. As fotografias, os textos, os objetos e os sons que apresentamos, lembram-nos a interminável luta deste povo pela sua liberdade e autodeterminação.

Esta exposição adota metodologias que ainda estão em fase experimental, em que uma participação comunitária plena, associada ao conceito de trabalho em rede é elevada a um expoente limite.

O processo criativo inicia-se sem condições prévias, num espaço vazio à espera de ser povoado. Os objetos são em geral de uso quotidiano podendo a qualquer momento serem requisitados pelos seus donos e devolvidos à procedência. O envolvimento das pessoas encarrega-se da sua substituição resultando quase sempre numa depuração das mensagens expositivas precedentes. Desta experiência resulta um movimento expositivo contínuo, permanentemente incompleto, alimentado pela realidade que nos atinge diariamente. Nesta linha de pensamento não fará sentido festejar a “abertura” da exposição mas valerá a pena valorizar a sua conclusão, o seu encerramento, a sua desmontagem/destruição. Idealmente esse momento de catarse deveria ocorrer em simultâneo com a conclusão do pesadelo ucraniano. 

A exposição “Ainda a Liberdade” deve-se a múltiplas participações, distribuídas por áreas distintas: Sérgio Morais (fotografia), Soffia Smetanko (design), Oleh Kraichyi, Yurii Stakhurskyi e Aline Gallash-Hall de Beuvink (textos), Ângelo Gonçalves (instalação), Grupo Jasmim e Oksana Bilusyak (sonoridades), Veniamin Kovalchuk e Olga Vintoniak (organização comunitária e indumentárias). As muitas vontades da população local e regional, particularmente a de origem ucraniana, permitiram construir este testemunho da sua participação cidadã.