A cerimónia comemorativa da efeméride mais simbólica de Lagos, que acontece anualmente a 27 de outubro, feriado municipal, foi o contexto ideal encontrado pelos autarcas atualmente em exercício de funções para prestar o justo e devido reconhecimento público aos antigos autarcas pelo papel fundamental que tiveram na consolidação de regime democrático em Portugal, na afirmação dos valores de Abril e na concretização de um infindável número e diversidade de investimentos e atividades que determinaram o desenvolvimento do território e o bem-estar da comunidade local.
Foram cerca de 50 as personalidades locais recordadas e distinguidas, algumas das quais, já falecidas, representadas por familiares. Nas suas pessoas foi homenageado um número ainda mais vasto de homens e mulheres autarcas que integraram as equipas dos sucessivos executivos, assim como as assembleias municipais e de freguesia que em Lagos, ao longo dos 50 anos de democracia em Portugal, ajudaram a dar voz aos anseios das populações.
Na intervenção proferida durante a cerimónia, o presidente da Câmara, sublinhou a proximidade entre eleitores e decisores políticos como sendo, precisamente, “a grande bandeira do Poder Local Democrático e o que o diferencia das demais instâncias de poder, assim como o conhecimento das singularidades do território e a capacidade de auscultar e dialogar com as populações, interpretando o sentimento e a vontade da comunidade”. Hugo Pereira agradeceu, por isso, aos antigos autarcas a sua dedicação e o trabalho que fizeram em prol do concelho e das suas gentes, dignificando a missão de serviço público.
As virtudes do Poder Local Democrático na construção e afirmação do edifício institucional desenhado pela Constituição da República foram igualmente destacadas pela presidente da Assembleia Municipal, que – acrescentou – “falta implementar as regiões administrativas para completar a obra então projetada”. Recordando como era Lagos e Portugal antes de 1974, “com fome de pão, de paz, de liberdade e de dignidade”, sem infraestruturas e afetado pelo êxodo emigratório, Joaquina Matos lembrou a importância de se revisitar e compreender o passado para melhor contextualizar o enorme trabalho desenvolvido por quem tanto deu de si à vida autárquica, considerando que estes ensinamentos ajudam a vencer os novos desafios.
Os homenageados receberam uma medalha comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril e um diploma que exprime o reconhecimento público do município pelo contributo que deram em prol da democracia autárquica.
A cerimónia contou também com um momento musical, interpretado pelo duo composto por Ricardo Batista (guitarra clássica) e Tiago Santos (clarinete), e com a projeção de dois vídeos, o primeiro dos quais (“Feitos de Silêncio”) produzido no âmbito de um projeto criativo que reuniu várias gerações e registou as suas memórias do tempo da ditadura, marcado pelo silêncio e pela ausência de direitos, e um segundo registo audiovisual que procurou condensar em poucos minutos alguns dos principais marcos do desenvolvimento do concelho ao longo destes últimos 50 anos.