Número disparou e Portugal integra o grupo dos países mais afetados, com 2,2 milhões de habitantes sem acesso a aquecimento adequado.
Em 2021, havia 31 milhões de pessoas em situação de pobreza energética na União Europeia (UE), ou seja, que afirmavam não ter meios para aquecer a casa. Mas o número disparou: há agora mais de 47 milhões de europeus nesta situação. E Portugal integra o grupo dos países mais afetados, com 2,2 milhões de habitantes sem acesso a aquecimento adequado e, portanto, mais expostos a problemas graves de saúde associados às baixas temperaturas.
Segundo o Público, que se apoia numa análise de dados europeus elaborada pelo Correctiv. Europe em parceria com o Azul (projeto do próprio Público), mais de 10% da população europeia – incluindo habitantes de países como a Noruega e a Suíça, que não integram a UE – passam frio em locais onde deveriam estar seguros e protegidos. 
“Ao todo, as pessoas afetadas nesse mapa europeu da pobreza energética correspondem a mais do quádruplo da população portuguesa”, escreve a publicação. 
De recordar que os dados mais recentes do Eurostat, conhecidos em setembro de 2024, indicam que Portugal foi, em 2023, o Estado-membro da UE com a percentagem mais elevada de pobreza energética (20,8%), encontrando-se ao mesmo nível de Espanha. 
E será que é possível morrer de frio em Portugal? “Muitas vezes é difícil explicar que se morre de frio em Portugal com cinco graus Celsius, porque na literatura científica a mortalidade por frio é com 20 a 30 graus Celsius negativos. Contudo, nós já demonstrámos que há um aumento da mortalidade (e da morbilidade) na Área Metropolitana do Porto com temperaturas ainda positivas”, diz Ana Monteiro, professora do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, citada pela publicação.
Noutro artigo publicado no Azul é explicada a razão pela qual viver em casas frias faz muito mal à saúde, podendo, conforme referido em cima, também levar à morte. 
“De um ponto de vista fisiológico, o organismo humano tenta proteger os tecidos mais profundos do corpo à custa das extremidades – mãos e pés, por exemplo. Este processo de defesa da temperatura corporal é stressante para o corpo humano”, explica Boris Kingma, fisiologista térmico da TNO, uma organização dos Países Baixos dedicada à investigação científica aplicada.
De acordo com o especialista, aquando da exposição ao frio, “a primeira resposta do corpo humano é a vasoconstrição”, o que significa que os vasos sanguíneos contraem-se para defender os órgãos vitais. E desta forma o “sangue flui com maior dificuldade”, explica Boris Kingma, salientando que se a exposição às baixas temperaturas for prolongada, o organismo estará a fazer um grande esforço para garantir a circulação sanguínea. Um “exercício” fisiológico extra que pode constituir um risco grave nos grupos vulneráveis, comenta.
 
Idealista News