Poema – homenagem ao grande pintor MEDINA
Em plácidos dias
Deslizam nossas vidas
Maresias...
E passos felizes em areias sem nome
Quando a tarde se aquieta
E se consome.
Tão perto a casa
Abençoada por uma buganvília escarlate
E um livro à espera
Explodindo arte
Como um ferro em brasa.
Nele e com ele rever Medina
Deslizar no sublime da sua pintura
Contornar a forma das suas formas
E subir à altura
Da sua altura.
Beber o cálice da cor
Em seu arco-íris de mestre
E tocar a suavidade
A pureza, a rusticidade
A elegância, a bravura agreste
A plenitude, a ingenuidade
A inteligência e até a vaidade
A nudez de alabastro e marfim
Em sua castidade ou seu erotismo
E voar nas asas de cada mão
Que soube pintar com toda a perfeição
E realismo.
Mergulhar no olhar
E na portentosa capacidade de captar
A sua imensidão
Fonte de transparência
De alegria, dor, paixão
Esperança, inquietude, irreverência
Timidez, beatitude, saudade ou solidão.
Passear pelos lábios
Percorrer o contorno do rosto
A mensagem de cada postura
E os jogos de luz e sombra
Até à mais escura.
Não houve segredos para MEDINA
Que retratou a Natureza de forma magistral
Desde a flor mais pequenina
À riqueza variada de cada animal.
E o homem, a mulher, o seu Minho natal?
O mundo foi seu modelo e seu senhor
Mas foi Senhor do mundo.
E cada quadro que nos deixou
Foi um hino à beleza
Que esse mundo lhe ofertou
Em baixela de prata,
Pois quem assim pintou
Perdura para sempre
E a morte nunca mata!