A morte é mal sem remédio
Tira a vida, é traição,
Só quem da vida tem grande tédio
A pode desejar como solução.
Ainda que a encarar queiramos
Ainda que a simplifiquemos
É aquilo que não desejamos
É aquilo que tão certo temos.
É cruel, é devastadora,
De ninguém se compadece,
Quando chega a sua hora
Faz aquilo que lhe apetece.
Quando a idade ou o sofrimento
Ultrapassam a medida
Aí, tem ela o momento
De ser tomada por bem-vinda.
Estando ela tão certa,
A que distância estará de mim,
Não conheço a sua meta
Nem o quando me porá fim.
Mas vou dar à morte ingrata
Seja ou não merecida
Uma palavra que a trata
Por caminho de nova vida.