Euribor a 12 meses já está positiva e vai fazer subir as prestações mensais dos novos empréstimos da casa e dos já existentes.

O universo do crédito habitação está em constante mudança. As taxas Euribor estão a subir desde o início do ano, uma evolução que acelerou em março depois de eclodir a guerra na Ucrânia. E, depois de passar seis anos negativa, a Euribor a 12 meses já está mesmo em terrenos positivos – a média de abril foi de 0,013%. Estas mudanças já estão a refletir-se nos empréstimos da casa e nas prestações mensais. Mas quanto? Explicamos tudo com recurso a simulações de crédito habitação.

Os portugueses estão a sentir na carteira os efeitos diretos da inflação. É evidente na ida ao supermercado, aos postos de combustíveis e na hora de pagar a fatura da luz. Os dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística indicam que a inflação em Portugal – medida pelo Índice de Preços no Consumidor - subiu para 7,2% em abril, mais 1,9 pontos percentuais em relação a março (5,3%).

E mais tarde ou mais cedo os consumidores vão sentir também os efeitos indiretos da subida generalizada dos preços. Isto porque para travar a subida da inflação na Zona Euro – que, deverá ter atingido os 7,5% em abril, de acordo com a estimativa rápida do Eurostat – o Banco Central Europeu (BCE) colocou em cima da mesa uma subida da taxa de juro diretora em julho deste ano, que deverá ocorrer depois de terminada a compra de ativos perspetivada para o mesmo mês. E este cenário tem mexido com os mercados monetários e feito subir as taxas Euribor a todo o vapor, que por sua vez vão agravar as prestações dos créditos habitação de taxa variável indexados a esta referência. Mas como?

 

Como estão a evoluir as taxas Euribor?

É preciso recuar ao início de 2022 para detetar o momento em que as taxas de Euribor começaram a dar sinais claros de subida, uma tendência que se agravou dias depois de eclodir o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. O crescimento foi de tal modo acentuado, que a Euribor a 12 meses atingiu mesmo terrenos positivos pela primeira vez em seis anos no passado dia 12 de abril, quando se fixou em 0,005%.

A maioria dos novos créditos habitação em Portugal estão mesmo indexados à Euribor a 12 meses. E a média mensal desta taxa em abril situou-se nos 0,013%, ou seja, +0,25 pontos percentuais (p.p.) que a média de março, a qual ainda estava negativa (-0,237%).

Mas a taxa dominante no total de contratos ainda é a Euribor a 6 meses, que embora tenha crescido, ainda está em terrenos negativos. Em concreto, a média de abril para este prazo fixou-se nos -0,311%, refletindo uma subida na ordem dos 0,107 p.p. face a março, quando se situou nos -0,418%.

Estas atualizações das taxas Euribor vão, por um lado, refletir-se nos créditos habitação contratados em maio e, por outro, vão impactar também os empréstimos da casa já existentes se atualização das prestações da casa a 6 ou 12 meses for já este mês.

 

 

Como é que a Euribor vai fazer subir a prestação da casa?

Para responder a esta questão, o melhor mesmo é olhar para um caso ilustrativo. Para um empréstimo da casa de 150.000 euros com spread de 1% a pagar no prazo de 30 anos, a prestação da casa pode agravar-se em 4% em maio face a abril (+17 euros por mês) no caso da Euribor a 12 meses e em 2% no caso da Euribor a 6 meses (+7 euros mensais)

Ora vejamos nesta simulação preparada pelos especialistas do idealista/créditohabitação, como variam as taxas médias da Euribor a 6 e 12 meses e as prestações da casa nos últimos meses:

Como é que a subida das taxas Euribor está a agravar as prestações dos novos créditos habitação?

 

Analisando estes exemplos e tendo em conta que um crédito habitação contratado em maio usa média da Euribor de abril, enquanto o empréstimo assinado em abril usa a média da taxa de Euribor de março, podemos concluir o seguinte:

Euribor a 12 meses: quem contratar um empréstimo da casa em maio vai pagar cerca de mais 17 euros no primeiro ano do que quem assinou o crédito habitação em abril;

Euribor a 6 meses: um crédito habitação assinado em maio ficará 7 euros mais caro nos primeiros seis meses do que um contratado em abril.

Comparando as características de um empréstimo contratado em maio com as de um crédito habitação contratado em março deste ano as diferenças são ainda maiores. A média da Euribor a 12 meses em abril (usada para os créditos assinados em maio) está 0,348 p.p. superior à de fevereiro (usada para os créditos de março) e aprestação mensal é 23 euros mais cara. No caso da Euribor a 6 meses, a taxa está 0,165 p.p maior e a prestação da casa encarece 11 euros entre estes dois momentos.

 

Por: Idealista