Perguntei ao vento quem sou
O vendo sorriu e disse
Quem tu és eu não sei
Pergunta à nuvem que soprei
Perguntei à nuvem que me disse
Coisas que não gostei
Muitos anos se passaram
Já vivi uma longa vida
Contei dias, contei noites
Não foi uma vida perdida
Nascemos com dois destinos
Um deles eu já cumpri
Não posso dobrar o tempo
Do tempo que eu já vivi
Ninguém é dono de si
Ninguém é o que quer ser
Todos temos a nossa cruz
É assim até morrer
Chorei lágrimas e sorrisos
Amei e fui amado
Fui grande sem presunção
Também fui agraciado
Por servir esta nação
Assusta-me ver os dias
A passarem velozmente
As horas não são tardias
Atormentam muita gente
Já passaram muitos anos
Era apenas uma criança
Hoje já sou mais velho
O passado é uma lembrança
Dias tristes amargurados
As noites são madrugadas
Os campos estão verdejantes
Perdura, assim, a esperança
Não podemos perder a fé
Dom que alguém nos deu
Ninguém sofreu quanto Ele
Mas ele também morreu
A linha que percorremos
Não foi por nós traçada
Foi alguém que ajudou
Para que fosse alcançada
Nem sempre a vida sorri
Também temos sofrimento
A vida é mesmo assim
Todos temos o nosso tempo
Não somos ricos, nem pobres
Somos só abençoados
Damos alegrias aos amigos
Um dia seremos lembrados
A rosa depois de seca
Foi-se queixar ao jardim
E o jardim respondeu
Não há princípio sem fim