por Miguel Duarte | Escritor, DJ e Tradutor | jmduarte.md@gmail.com

Seja aplicada ao mais genial dos artistas ou ao mais comum dos contribuintes, a cultura do treino é imperiosa em qualquer sociedade que se apelide a si própria de moderna. Excetuando raros casos, em que indivíduos, movidos à luz de uma transcendência interior, apenas se revêm na procura incessante de excelência, a história diz-nos que a uniformização de valências pela bitola da mediania é a norma. Neste caso, no qual se insere a vasta maioria da população, sempre qualquer tipo de avaliação teve que ser-lhe aplicada, para não só situar as suas capacidades num sistema de méritos, mas também para lhe estimular, ainda que por via artificial, a vontade de melhorar, seja na escola, no trabalho ou num clube desportivo.

Esta, podemos depreender, é a pedra-de-toque de qualquer sociedade desenvolvida. Por esta lógica, a sociedade inversa seria aquela em que, suponhamos, a excelência fosse um pormenor pernicioso e, suponhamos, um qualquer ministro da educação adjetivasse de ‘nocivas’ as noções de treino e sucesso escolar.

Não cabe a esta crónica esmiuçar a validade de se escolher este ou aquele ano para a realização de exames ou aferições. Foquemo-nos apenas nestas declarações do putativo ministro e no que elas transmitiriam aos pais, alunos e professores de um tal país feérico.

Tanto quanto se sabe, nenhuma investigação conseguiu ainda demonstrar uma relação direta entre a situação económica e o sucesso escolar. Um estudo recente do PISA mostrará que 87% dos alunos que reprovam em Portugal provêm de estratos sociais baixos. Porém, esta teoria que cola debilidade socioeconómica a más notas sucumbe na comparação com outros países. Tiago Brandão Rodrigues – ministro imaginário de um Portugal passado – é que parece não ter dúvidas: “o sucesso escolar é o grande entrave ao progresso das qualificações […]” Para ele os bons alunos são os ‘bullies’ dos medíocres e devem arejar da cabeça a noção idiota de que a meritocracia é um sistema recomendável.

A cunha – reputado desporto nacional – agradece. E, já agora, o privado também. Só ainda não explicou, este Robin das Notas que tira dos bons para dar aos maus, como é que despejar no mercado de trabalho uma horda inculta, pouco qualificada e indolente, pode ajudar a combater a mesma pobreza que o próprio culpa pelo insucesso escolar.

evedo e de Maria Soares “Tainha”, fundadores do Mosteiro de Vilar de Frades, perto de Barcelos.

 

Godinho Viegas era filho de Egas Gosendes do Baião e de Useo Viegas, fundadores do Mosteiro de Freixo (Amarante). Egas foi Mordomo, em 1116, da Condessa de Portugal D.Teresa.

A linhagem de Soares de Albergaria entronca, portanto na do “Baião”, uma das cinco principais famílias de infanções que “andaram a filhar o reino de Portugal” (Livro Velho, 1270). (continuação em Baião, Voz de Loulé).