«A utilização frequente de antibióticos pode levar a que as bactérias se tornem mais resistentes?»

As bactérias que se alojam no nosso organismo estão cada vez mais fortes e resistentes aos antibióticos que tomamos para as combater. A 21 de Setembro de 2016, na assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), os líderes mundiais comprometeram-se pela primeira vez a agir para travar a resistência microbiana e enfrentar as suas causas profundas na saúde humana e animal e na agricultura. Pela quarta vez, um assunto de saúde foi discutido neste fórum. Em anos anteriores, ébola, doenças não comunicáveis e VIH já tinham motivado a atenção desta organização.

O estudo que realizámos a 40 amostras de peito de frango, a granel e pré-embalados, confirma que a resistência aos antibióticos na área alimentar encontra-se num ponto difícil de controlar. Incluímos análises à higiene e aos resíduos de antibióticos. Se os resultados a estes últimos parâmetros não suscitam preocupações de maior, já o mesmo não se pode dizer do teste que realizámos à resistência dos antibióticos. 

Analisámos em laboratório antibióticos que combatem a Escherichia coli (E.coli). Verificámos a eficácia de quatro antibióticos sobre as estirpes de E.coli que detectámos no nosso estudo a peitos de frango. A resposta, para os dias de hoje, é que 14% das bactérias sobrevivem à Cefepime. Mas, no futuro, serão 94 por cento. Baseámo-nos em valores do EUCAST - Comité Europeu para Avaliação de Susceptibilidade Antimicrobiana, que estuda as resistências.

Restringir o uso de antibióticos às situações indispensáveis, no Homem e nos animais, é crucial para travar as bactérias. Exige-se um controlo apertado da prescrição e aplicação destes fármacos nas explorações pecuárias, para garantir o uso exclusivo para fins terapêuticos. A União Europeia assumiu a liderança na limitação de antibióticos na produção animal e agrícola. Vários países europeus, incluindo Portugal, criaram sistemas de vigilância de resistência aos antimicrobianos. É preciso alargá-los e garantir que funcionam, para monitorizar o impacto das resistências. Esta questão tem sido para nós uma preocupação fundamental e pertencemos ao PANRUAA (Plano de Ação Nacional para a Redução do Uso de Antibióticos nos Animais), plano posto em marcha pela DGAV (Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária).

 

 

CONTACTOS DECO:
deco.algarve@deco.pt | Tel. 289 863 103 | Fax. 289 863 108 | www.deco.proteste.pt
Delegação Regional do Algarve - Rua Dr. Coelho de Carvalho, nº1 C, 8000-322 Faro