“Sei que foram feitos alguns testes a medicamentos, quais foram as conclusões?”

Dos 61 medicamentos analisados, 11 incluem ingredientes proibidos em cosméticos: o hidróxido de sódio, o colecalciferol e o propilparabeno. Suspeita-se de que estas substâncias desregulem a produção de hormonas, com efeitos ao nível da fertilidade, ou, simplesmente, que sejam irritantes. Nos medicamentos, surgem como excipientes, ingredientes “não activos” (sem acção terapêutica), usados como conservantes, lubrificantes, espessantes, corantes ou para dar sabor e aroma, entre outras funções. Por vezes, são importantes para garantir a estabilidade da substância activa, evitando a sua degradação, ou para a correta distribuição da mesma no organismo.

Na Europa, a maioria destes ingredientes é bem conhecida, sendo também utilizada noutros produtos, como cosméticos e alimentos. Contudo, a utilização em medicamentos de substâncias que estão proibidas na cosmética, devido a eventuais riscos para a saúde, levanta dúvidas legítimas aos consumidores. Hélder Filipe, do Infarmed, a autoridade que controla os medicamentos, garante não haver motivo para preocupação: “O conhecimento das autoridades sobre os medicamentos é muito superior e mais profundo do que no caso dos cosméticos, envolvendo toda a cadeia de fabrico (desde as substâncias ativas e excipientes à produção do medicamento), estudos pré-clínicos e clínicos, que demonstram a segurança e a eficácia”.

A nossa análise incidiu sobre medicamentos de venda livre que são usados na pele, alguns aplicados em condições idênticas às dos cosméticos. É o caso dos cremes para a muda da fralda, que incluem propilparabeno e colecalciferol, o primeiro proibido desde 2015 em cosméticos destinados à zona da fralda, para crianças até 3 anos. Haverá justificação para esta diferença entre cosméticos e medicamentos? O Infarmed garante que “as concentrações desta substância nos medicamentos se encontram em consonância com as orientações mais recentes da Agência Europeia do Medicamento”. A última avaliação do Comité Científico da Segurança dos Consumidores, da União Europeia, refere que os estudos disponíveis sobre os potenciais efeitos endócrinos (em ratos) não podem ser usados para mostrar que a utilização do propilparabeno na pele humana está isenta de riscos. Dado que cosméticos e medicamentos para a muda da fralda têm utilização idêntica, deveria existir coerência no emprego da substância.

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