por Luís José Pinguinha | Vice-presidente do Louletano | FUTEBOL | Acompanhando as jovens promessas do Louletano

“Fulano de tal passou ao lado de uma grande carreira” é uma frase batida e recorrente que, infelizmente, nos vem demasiadas vezes à memória quando se fala de jovens promessas louletanas geneticamente dotadas para a prática do futebol. Na verdade, desde os anos cinquenta do século passado, período em que o futebol, galopantemente, começou a afirmar-se como uma das maiores indústrias do planeta, vários foram os jovens de Loulé que, aos olhos do povo, jogavam muito e seguramente, pensava-se, singrariam nos melhores clubes nacionais.

Certo é que, ou por falta de juntar à inspiração a muita e obrigatória transpiração ou por falta de controlo mental e emocional ou por falta de apoio familiar e social adequado ou por opção ou, até, por razões que a própria razão desconhece, alguns desses jogadores chegaram a ser idolatrados regionalmente mas não lograram atingir o patamar do profissionalismo.      

Representam atualmente o Louletano vários jogadores com condições para atingirem altos patamares futebolísticos. Entre eles há um miúdo de Loulé, Manuel Ascensão Bebiano Mendonça de seu nome, Manel para os amigo e fãs, nascido em 2005 (24 de março), a representar o Louletano, que tem tudo para não passar ao lado de uma grande carreira.

Manel, que poderemos definir, numa forma lata, como médio criativo, respira futebol.

Ao encarar os treinos como encara os jogos, aplicadíssimo, possui, logo à partida, um trunfo importante. Muito inteligente na leitura que faz do jogo, o que o torna extremamente eficaz no processo defensivo, Manel, quando tem a bola, tem o mérito de abanar e eletrizar o jogo. Sobredotado tecnicamente, efetua passes, curtos ou longos, de pé direito, de pé esquerdo, de cabeça e até de calcanhar com uma precisão milimétrica própria de quem utiliza régua, esquadro e compasso. Vírgulas desconcertantes, túneis revoltantes, geométricos chapéus de aba larga e de aba curta, elásticas inesperadas e deslumbrantes arianas coreograficamente perfeitas, são parte de um reportório que Manel utiliza, não de uma forma forçada, não como exibicionismo, mas de modo natural, como natural é o respirar, como uma forma de resolver, a contento, lances que se afiguram impossíveis de o fazer de outra forma.

É este autêntico diamante que o corpo técnico do Louletano tem ajudado a lapidar. Daí que, mesmo tendo nascido em 2005, Manel realiza vários jogos pelos escalões mais velhos, nomeadamente 2004 e, até, 2003. E foi no final de um destes jogos (de 2003, portanto com jogadores 2 anos mais velhos) que ouvimos este comentário de um extasiado espectador no final do jogo: “neste jogo de 2003 o melhor jogador em campo nasceu em 2005”.

Refira-se, ainda, que Manel já tem um acordo com o Sporting Clube de Portugal, clube que já representou em vários Torneios Internacionais.   

Finalmente, e este é mais um dos fortes motivos porque estamos seguros que o futuro futebolístico do Manel será risonho: o exemplar acompanhamento familiar. Pais presentes mas não asfixiantes, interessados mas não sufocantes, naturalmente orgulhosos mas comedidos, respeitadores do papel dos dirigentes, dos técnicos e dos demais colaboradores, o Sr. Amaro e a D. Rita, bem assessorados pelo mano Gonçalo (outro jogador de muito bom nível, nascido em 2002 e também a representar o Louletano) e pela mana Joana, estão, indubitavelmente, de parabéns.

Perante este quadro, não é descabido perguntar: virá Manel a ser o melhor jogador de sempre de Loulé?