Jean Carlos Vieira Santos | svcjean@yahoo.com.br

Fiz várias visitas a Loulé e, sempre que preciso regressar a Faro, onde estou hospedado, desejo encontrar motivos para voltar, pois essa experiência é valiosa para mim. Então, por que escrever sobre este tema? A razão é simples: recuperar uma memória evocada por uma pausa dedicada a observar fotografias de antigas viagens ou passeios. Ao olhar para as imagens do Algarve, deparei-me com uma em que estou acompanhado por três colegas da Universidade do Algarve, no Mercado Municipal de Loulé.

Fizemos uma pausa para tomar café a meio da manhã e, durante a espera, entre boas conversas, surgiu uma questão: qual é o grande nome da poesia algarvia? Pela sua complexidade, a pergunta deu origem a outras reflexões e até a momentos de silêncio, em que cada um revisitou mentalmente legados e obras consideradas marcantes.

Serei comedido e não revelarei os nomes que foram mencionados à mesa, para evitar polémicas, mas reconheço a existência deste jardim de poetas e poetisas de valor inestimável. Qualquer leitor interessado no Festival Literário Internacional de Querença, no Café Calcinha, na Fonte Pequena, em Alte, em bibliotecas ou em qualquer espaço onde se vendem livros em Portugal, teria certamente um ou vários nomes a destacar. Afinal, a vida literária algarvia é rica e diversa!

Ainda com a chávena de café meio cheia, foi-nos falado da possibilidade de conhecer — ou redescobrir — a região através da Rota Literária do Algarve, uma experiência assente em caminhos que inspiraram poetas e escritores. Esta viagem surpreende e oferece momentos que nos inspiram a reflectir e a aprender. É importante sentar e escutar — em cada café, em cada destino — onde se cruzam as páginas dos livros com os olhares atentos dos visitantes, sentindo cada narrativa escrita para outras geografias, ou simplesmente para o lugar em si.

Terminámos o café, mas... e a resposta à pergunta inicial? Compreendemos que seria impossível eleger uma única referência maior. Existem muitos nomes na literatura algarvia, com obras que vão ao encontro dos interesses de leitores muito diversos. Concordámos, assim, que há muitos livros por descobrir nos próximos anos, décadas e séculos — e que haverá sempre novos momentos para boas conversas sobre a literatura do sul de Portugal e de outros cantos do mundo lusófono.

Por fim, deixo uma nota sobre esta ocasião especial para mergulhar no universo da literatura algarvia, num cenário envolvente: o Mercado de Loulé.