por Selma Cazes | Ver o Verso,Lda

O mundo está cada vez "mais pequeno". Viajamos, visitamos outras culturas, países e fazemos amigos de todas as cores, feitios, formas e crenças. Algumas vezes buscamos novos desafios, criamos outras raízes, algumas pessoas conseguem viver seus sonhos, outras não dormem com seus pesadelos.

A história da violência é esta: Internacional. Acontece entre pessoas de outras religiões e sexos, passeia por idades variadas. Não é connosco… Acontece só nos jornais e fala-se na televisão, até que ouvimos um grito vindo da porta ao lado, cruzamos na rua com alguém suspeito ou com ar tão desesperado que nos dá um frio na alma. Mas não percebemos, não olhamos, não conhecemos e podemos até ignorar, se tentarmos.

Porém, existem pessoas que têm a coragem de trabalhar com diferentes formas, cores e faces da violência. Sim, é preciso coragem para conviver com a violência e voltar para casa ‘intacto’. Saber e ver o que o Homem é capaz de fazer ao Homem e não ter medo de se envolver de perto, comunicar e partilhar Esperança e Força.

Definitivamente não sou uma destas pessoas. O injusto assusta-me de uma forma dolorosa, mas ignorar também me dói, a mim e a muitas pessoas que conheço. Assim sendo, ficar parada não é possível, é importante fazer, tentar algo que possa tentar devolver alguma dignidade, orgulho e auto estima a quem acredite que estas são meras palavras no dicionário.

A Associação de Portuguesa de Apoio à Vitima faz muito, o que lhe é possível. São muitos os tipos de violência: doméstica, laboral, de exploração, de tráfico de pessoas, não somente contra mulheres, contra homens também. Violência é assim, irracional.

Uma ideia surgiu vinda de outras, apoiar estas pessoas que de um minuto para outro largam tudo para trás para poder olhar para frente. Algumas pedem por ajuda, outras são encaminhadas no meio da noite, são muitas (aliás, 2 já é demais…) e diferentes casos. Sou uma pessoa de sorte e de amigos que aderiram a este projeto: a empresa que represento, a minha amiga Marité da loja La Dolce Vita que também recebe as malas para serem entregues, e tantos outros com suas dádivas!

O mais importante é fazer algo que possa proporcionar dignidade na vergonha, alívio na dor, ar no sufoco. Como fazer? Dentro de uma mala usada (de senhora ou de homem) colocar toalhita, bâton de cieiro, escova de dentes, escova de cabelo, pasta de dentes, pensos (ou lâmina e creme de barbear para os homens) e algo que você ache que possa ser reconfortante, uma écharpe, um boné…

Isto pode parecer sem sentido, ou básico, porque somos agraciados na nossa rotina com gestos simples como escovar os dentes, por exemplo, mas não é a realidade de todos. Ajude você também, deixe a sua mala na sede deste Jornal. Tudo será encaminhado para a APAV de Loulé e distribuído.

Obrigada por apoiar esta ideia, por fazer algo, por oferecer dignidade!