mas também à própria sustentabilidade ambiental, no contexto da assinatura de um protocolo para a instalação de postos de carregamento de automóveis elétricos.
O Bloco de Esquerda do Algarve coincide com a secretária de estado na avaliação das condições que o Algarve ainda tem para liderar no turismo sustentável. Mas não pode deixar de alertar que a sustentabilidade ambiental, fundamental para preservar as condições ambientais, paisagísticas e até climatéricas que atraem os turistas para a região, não se limita a ser uma questão de postos de carregamento de veículos elétricos.
É preciso não esquecer que, apesar de felizmente terem sido anuladas várias licenças de prospeção e exploração petrolífera, ainda existem algumas em vigor a que é fundamental dar o mesmo destino das restantes. É preciso não escamotear que a especulação imobiliária está de volta e em força, cobiçando algumas das poucas zonas ainda razoavelmente preservadas do litoral algarvio, com especial gravidade e urgência para o empreendimento previsto para a Lagoa dos Salgados, entre Silves e Albufeira, que apesar de ser apresentado como “ecológico” se prepara para destruir uma das principais zonas húmidas de água salgada do litoral a sul do Tejo. É preciso sublinhar que um pouco mais a ocidente, em Lagoa, a principal zona húmida de água doce de todo o Algarve também está prestes a ser destruída para dar lugar a uma grande superfície comercial. É preciso chamar a atenção para as cicatrizes que a atividade extrativa abre na região e para alguns projetos que visam instalar vastas extensões de estufas, sem que pareça haver, por parte das autoridades competentes, nenhuma exigência com vista à preservação de alguma qualidade paisagística, sem a qual a sustentabilidade turística também fica posta em causa. Quando não são essas mesmas autoridades a ter a iniciativa de fazer intervenções absurdas e atentatórias da qualidade ambiental, como a que teve lugar em 2015 na Praia de Dona Ana.
O BE Algarve gostaria de ver mais ação concreta e menos palavras para pôr fim aos piores desmandos e impedir de facto a continuada degradação da qualidade ambiental e paisagística na região. Gostaria de ver regras firmes e compreensíveis por todos contra a construção em cordões dunares, medida elementar de precaução contra os efeitos do aquecimento global, em vez das ambiguidades atuais, que parecem só a travar quando a construção não é levada a cabo por entidades com poder económico. Uma rede de abastecimento de veículos elétricos é positiva mas não passa de uma gota de água num oceano de coisas por fazer. Sem ação concreta e eficaz contra os muitos atentados ambientais em curso ou em plano, não será ela, por si só, a conseguir promover um turismo sustentável, especialmente se não vier acompanhada por intervenções mais abrangentes na área dos transportes que promovam a modernização e desenvolvimento do transporte público e acabem com os constantes e muito penalizadores constrangimentos dos transportes na região, em especial em época alta.
Sem ação concreta e eficaz, um dia, muito em breve, descobriremos que o Algarve já não tem quaisquer condições para ser líder mundial do turismo sustentável. E então de nada valerá chorar sobre o leite derramado.
Por: BE Algarve