por João Carlos Santos | Licenciado em Património Cultural - Historiador | jcsantos87@gmail.com

Paludismo, malária ou sezão, um flagelo não se circunscreve a um só nome ou denominação. De facto, esta doença infeciosa resultante da picada de mosquito seria o principal culpado da nefasta publicidade que traria à Praia de Quarteira uma continuada fama enquanto local pestilento, em que as condições de higiene eram consideradas insuficientes. Ditava a prudência, uma certa distância da localidade. Este cenário conheceria o seu fim nos meados do século XX, mas sem antes, ser foco de controvérsia por via de boatos ou mal dizeres que tinham como objetivo o afastamento dos banhistas das suas praias. A respeito deste tema, em 28 de setembro de 1890, o Jornal O Algarvio, trata de averiguar as condições de saneamento da Praia de Quarteira, lendo-se: “Alguns indivíduos menos cautelosos, que o ano passado praticaram verdadeiras imprudências de que lhes resultaram umas sezões encarregaram-se de fazer um alarido extraordinário contra esta praia dizendo que o seu estado sanitário é mau; ora conhecemos muitos que desde pequenos a frequentam e ainda de nada se queixaram [...] o estado sanitário d´esta formosa praia, incontestavelmente a melhor do Algarve.” O espectro do paludismo seria um fiel companheiro da Praia de Quarteira, pela iniciativa de uns, difamada, fragilizada e até abandonada, por outros, exaltada como a melhor praia do Algarve e livre de quaisquer perigos. O Jornal O Algarvio na sua edição de 13 de Setembro de 1891, expõe o seguinte: “Parece que no espírito dos banhistas predomina o receio das febres, que antigamente reinavam naquela localidade [...] algum caso esporádico possa repetir-se”. Embora as certezas acerca da segurança sanitária na praia não se pudessem confirmar, pelo aparecimento de casos esporádicos, não faltavam conselhos dirigidos ao Senhor Conde da Azambuja, na esperança de diminuir significativamente a incidência de parasitas e respetiva doença: “o proprietário da Quinta de Quarteira, devia proceder ao saneamento dos terrenos junto da praia, recorrendo, para esse efeito tudo quanto a ciência aconselha nestes casos”.